Larissa Sá acordou na manhã dessa quinta-feira (04.06) com o seu perfil nas redes sociais sendo bombardeado por mensagens de ódio contra ela. Durante a madrugada, seu nome foi amplamente divulgado por uma conta no Twitter criada para expor fraudes no Sistema de Cotas Raciais das Universidades brasileiras. O post acusava Larissa de pegar a vaga de um indígena no curso de Medicina na Universidade Federal do Maranhão.
“Ontem coloquei uma caixinha de perguntas no Instagram, quando acordei tinham várias pessoas xingando, na hora fiquei muito mal, não conseguia falar nada, achei que estava sozinha”, contou em entrevista à Vogue.
De origem indígena do povo Atikum-Umã, da região de Carnaubeira da Penha, em Pernambuco, Larissa usou seu perfil para repudiar os ataques de racismo que sofreu durante o dia todo. Questionada por uma usuária se tinha certidão de nascimento para comprovar sua origem, ela rebateu: “Se eu tenho a certidão? Minha filha, você acha que eu provei a faculdade como? É lógico! Eu tenho aldeia, eu tenho foto, eu tenho vídeo, eu tenho documentos, eu estou na Funai! Eu não posso pintar cabelo não, é?”, disse indignada.
Larissa contou que já chegou a perder o início do ano letivo por desconfiança da faculdade, mesmo ela comprovando suas origens. “Passei no vestibular, fui fazer a entrevista e não me deram o resultado. Alguns dias depois saiu a lista de espera e tinha uma pessoa na minha vaga. Liguei para a faculdade para entender o que estava acontecendo, queria acreditar que tinha sido aberta outra vaga. A mulher disse que tinha sido indeferida a minha matrícula porque a banca avaliadora, que não tinha nenhum indígena, chegou a conclusão que eu não era indígena. Minha família ficou destruída, passei muito tempo sem querer sair de casa, tive que voltar para o cursinho”, desabafou.
Passada a frustração, ela conseguiu ingressar na mesma Universidade na segunda tentativa, mas em outro campus. “Quando foi o SiSU no meio do ano, joguei minha nota e passei de novo, mas não falei para ninguém.
À Vogue, Larissa assume o arrependimento de não ter falado sobre o assunto antes. “Na realidade, passei muito tempo calada desde que a minha matrícula foi deferida da segunda vez. Fiquei com muito medo, tentava negar porque sabia que qualquer coisa que postasse, eu seria muito julgada. Por muito tempo fiquei com muito medo de falar sobre isso, mas agora vejo que eu tenho mais é que falar mesmo”, pontuou.
O perfil responsável pela publicação mentirosa pediu desculpas para estudante em uma nota oficial. “Larissa de Sá entrou em contato conosco e comprovou realmente ser indígena. A família dela e o cacique inclusive entrou com ação judicial contra a instituição que duvidou, mesmo eles mostrando documentos verídicos da sua aldeia. Pedimos desculpas a mesma e gostaríamos de pedir a vocês também. Estamos investigando ao máximo para que o erro não se repita. Continuem fazendo denúncias na dm. E parem de destilar ódios nas redes sociais da menina, por favor.”
Ha processa esse perfil tbm pq todo esse constrangimento e culpa deles. Tbm agora pedido de desculpa. Mete esses sem nada para fazer no pau. Vao trabalhar.
Um único caso não invalida essa iniciativa de desmascarar pessoas que se declaram afrodescendentes ou indígenas sem possuírem nenhum laço étnicos comprovavel com esses grupos. As universidades precisam também de critérios mais claros e objetivos para que pessoas de má-fe não retirem o direito de quem realmente merece ingressar pelo sistema de cotas
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Que porra de indígena é esse que não tem traço de indígena?
Só o nome msm