Tudo o que a população mais pobre de São Luís não precisava era de uma greve de transporte público em plena pandemia do novo coronavírus. Se já vinham amargando sérias dificuldades para sustentar suas famílias há mais de um ano e meio, desde que a economia estagnou em razão da Covid-19, os cidadãos mais humildes da capital e dos municípios limítrofes agora estão impedidos de se deslocar para ganhar o pão de cada dia.
São centenas de milhares de pais e mães de famílias literalmente parados, sem poder trabalhar, seja em empregos formais, seja no mercado informal. Trata-se de um drama sem precedentes, cuja solução depende não apenas de um acordo entre empresários e empregados do setor de transporte público, mas também da intervenção das autoridades com competência legal para intervir na questão.
A julgar pelo andamento da paralisação e da disposição da categoria mobilizada, serão vários dias de caos em São Luís. Como se não bastasse a desordem social, desta vez há o agravante da perdas econômicas em um momento extremamente desfavorável. É um cenário trágico e indesejável, que exige medidas drásticas e imediatas das autoridades com poder para intervir na questão e encaminhar uma solução.
Mas não é só o trabalhador comum que está amargando perdas com a greve do transporte na pandemia. Empresários de diferentes segmentos também estão sofrendo os impactos negativos da paralisação, justamente no momento em que alimentavam a esperança de recuperação. Sem consumidores nas ruas, o comércio, por exemplo, não terá a quem vender seus produtos, O impacto no caixa será devastador para qualquer negócio.
Com a transmissão da Covid-19 e o número de mortes decorrentes da doença em queda, as empresas já ensaiavam a retomada do ritmo de produção, comercialização e investimentos. A greve, portanto, é um duro golpe nos empreendedores, que já enxergavam no horizonte a recuperação, após sucessivos meses de retração.
A greve dos rodoviários não poderia ser mais inoportuna, tão graves serão suas consequências. Mesmo diante de perspectivas tão negativas, a intransigência e a politicagem rasteira insistem em não dar lugar ao bom senso.