Cota de gênero: desembargador elogia atuação de Wellington e Fernando Braide, mas vota pela cassação

O desembargador Ronaldo Maciel, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MA), fez nesta quinta-feira, 21, uma menção elogiosa de forma pública aos deputados estaduais Wellington do Curso e Fernando Braide, ambos do PSC.

Ao emitir seu voto na ação eleitoral que pode culminar com a anulação de todos os votos do partido na eleição de 2022 para cargos na Assembleia Legislativa – o placar está 4 a 0 pela cassação da chapa -, ele destacou a atuação dos dois parlamentares, e disse que, se forem cassados, “o Estado do Maranhão vai perder […] dois grande deputados”.

“Dizer que é com tristeza, como foi citado, o deputado Wellington do Curso e o Fernando [Braide], caso for julgado procedente, podem perder os mandatos. Eu não sei quem, depois desse arranjo, quem vi [assumir], mas eu sei que, pelos menos, esses dois o Estado do Maranhão vai perder, que são dois grande deputados, principalmente, o que está há mais tempo, Wellington do Curso – eu quero deixar claro que não tenho nenhuma amizade com ele, sequer fui apresentado a ele alguma vez -, mas eu acompanho. É um deputado altivo, independente, mas eu não me atenho a isso”, destacou.

Depois da introdução, Maciel ainda fez um arrazoado sobre os motivos de votar contra os dois deputados, mesmo reconhecendo neles bons representantes.

“Eu sou católico praticante, mas também simpatizante com a doutrina Espírita. E, se é verdade, que os espíritas têm razão, e que a gente vem aqui várias vezes, todas as vezes eu quero vir ser juiz, eu adoro ser juiz. Sabe por quê? Porque nunca eu sentei na frente do meu computador para dar direito a quem não tem. Talvez por isso eu não seja visitado por muitas pessoas para pedir. Eu fixo parâmetros objetivos, concretos, vetores”, disse.

E concluiu: “Se eu fosse levar em consideração a atuação dos deputados, e dizer: ‘São bons deputados, então eu vou votar assim’. Ou: ‘Não são [bons deputados], eu vou votar assim’. Mais tarde, os senhores me pegariam em uma curva e dizer: ‘Foi contraditório’. Então, eu adoro ser magistrado. Porque eu nunca precisei, e espero nunca precisar sentar na frente de um computador para dar direito a quem não tem”.

Acusou o golpe?

Após a fala de Ronaldo Maciel, curiosamente, o desembargador José Gonçalo, relator do caso, decidiu se manifestar em resposta, como se a fala do colega lhe fosse direcionada.

“Eu quero dizer, até em respeito aos meus colegas, que eu acho que nenhum deles sentou próximo do seu computador no afã de fazer qualquer injustiça. Tenho certeza disso. […]”, disse.

Diante da negativa de Maciel de que a fala houvesse sido direcionada a qualquer membro da Corte, o relator completou:

“Vossa Excelência disse exatamente isso, eu até anotei aqui: que nunca sentou na frente de um computador para cometer injustiça. Eu também não. Eu juro na minha vida que eu nunca sentei na frente do computador, da máquina de escrever, que nós somos contemporâneos do mesmo concurso, do tempo da máquina de escrever, de datilografia, no propósito de prejudicar quem quer que seja, não me presto para esse papel. Se eu quiser prejudicar alguém, eu faço porque as nossas decisões sempre contrariam os interesses de alguém. Mas não propositadamente”.

Veja o momento:

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