Dois dias viajando e o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Marcelo Tavares (PSB), encontrou na volta uma crise instalada na Casa. Parlamentares reclamam o não pagamento de valores referentes à verba indenizatória de gabinete. Falou-se até em conspiração contra a Presidência.
Na sessão desta terça-feira (9), o deputado Chico Leitoa (PDT) subiu à tribuna para tratar publicamente do assunto e externou o que muitos deputados comentam apenas nos bastidores.
“Eu fico, no mínimo, curioso – não sei se é porque os outros deputados são mais ricos do que eu, ou são ricos e eu não sou –, porque quem desenvolve uma atividade tem que receber o seu recurso e esse problema é esquisito e eu não tô vendo reclamação”, disparou.
Já antes de a sessão começar, circulou a informação de que os demais componentes da Mesa Diretora fariam uma reunião para tratar do assunto. Marcelo não participaria desse encontro. Seria uma forma de pressioná-lo a resolver o problema. Alguns mais radicais admitiam a possibilidade de forçar a renúncia do presidente.
Para tentar amenizar a pressão, alguns aliados do presidente chegaram a disseminar o boato de que o não pagamento das verbas era culpa do Governo do Estado, que não teria repassado recursos devidos ao Legislativo. Pura retórica.
“Não há crise”
O próprio Marcelo Tavares tratou de dirimir as dúvidas sobre o assunto. Segundo ele, não há responsabilidade do Estado no caso. O deputado também negou que haja crise.
“Não há crise nenhuma. A bem da verdade, não há, sequer, atraso no pagamento das verbas indenizatórias, que podem levar até três meses para serem reembolsadas”, afirmou.
Tavares admitiu que realmente tem encontrado problemas para honrar os compromissos com os deputados, mas garantiu que não é por falta de repasses do estado.
“Na verdade, nós tivemos que arcar com ônus do Plano de Cargos e Salários, e isso gerou um custo adicional. Além disso, o grande número de suplentes que assumiram mandatos nos últimos dois anos também onerou a Casa”, disse.
Ele adiantou que já manteve contatos com o Governo e que, se necessário, solicitará suplementação orçamentário. “Mas isso apenas em último caso. Talvez não seja nem necessário”, concluiu.
Sobre o suposto complô contra a sua administração, Marcelo Tavares se disse tranqüilo. “Podem fazer reunião à minha revelia à vontade. Só que eu não vou renunciar”.