ANÁLISE: O jogo que suplantou o recorde

Por Thiago Bastos

Repórter Jornal O Estado do Maranhão

Klose se estica para marcar o seu 15º gol na história das Copas do Mundo (Foto: Reuters)

Klose se estica para marcar o seu 15º gol na história das Copas do Mundo (Foto: Reuters)

Miroslav Klose. 15 gols em Copa do Mundo. Iguala – para tristeza dos pachecos brasileiros de plantão – Ronaldo Fenômeno (que foi muito mais jogador do que Klose, o que só dá destaque para a marca do jogador alemão). Um feito desse merecia ter ocorrido num jogo menos intenso, bem jogado, até para se dar o destaque devido ao recorde. Pois Klose, por incrível que pareça, escolheu o jogo errado para isso. O destaque mesmo foi o grande jogo, especialmente no segundo tempo, disputado agora há pouco entre alemães e ganeses no forte calor – e óbvio – de Fortaleza.

Joachim Low montou sua equipe com a surpreendente escalação de Hummels, que era dúvida para a partida. Sabia-se, desde o começo, que a Alemanha, que teria as rédeas da partida, teria que alargar…esticar o campo ao máximo, para achar espaços na forte defesa ganesa. A meu ver, Low comete um erro – e aí talvez pague pela geração de jogadores – por não escalar laterais mais agudos, ofensivos. Muito provavelmente o faz também para proteger seus zagueiros e dar liberdade para seus meias.

E nesse setor do campo que, para mim, ocorreu a falha da Alemanha hoje. Lahm – que joga a terceira Copa do Mundo na terceira posição do campo diferente – e que deveria ser o Xavi dos tempos áureos do Barça, era o jogador com a incumbência de começar as jogadas. Não o fez. Tentou passar o bastão para Toni Kroos, que pelo jeito não entendeu o recado. Sobrou para Ozil, muito bem marcado e que parou na defesa de Gana.

No segundo tempo – e isso vem ocorrendo com frequência nesta Copa do Mundo – Gana avançou as linhas (e correu riscos, por causa disso). E incomodou mais o gol de Neuer. André Awew e Gyan (que marcou em três copas do mundo diferentes) viraram o jogo de forma merecida naquele momento. Low foi obrigado a mexer. Tirou Khedira e Gotze (não tiraria este último), para colocar Schweinsteiger (que jogador!) e Klose. Um toque bastou para o atacante alemão igualar Ronaldo em copas.

No fim, e com os times exaustos em campo (a Espn Brasil fez uma analogia ótima, já que jogo Alemanha e Gana parecia o Rocky lutando no fim com Apolo Creed no segundo filme da série) os alemães por pouco não viraram o jogo. Muller e seu sangue no rosto no fim demonstraram o que foi a partida.

Lições ficam para os alemães. Definir as peças e as funções no meio-campo, principal setor da equipe, deve ser a primeira providência. Olhar Klose com mais carinho para os próximos jogos também pode ser uma medida. Afinal, com a estrela – e competência – que ele tem, deixá-lo no banco, parece um pouco de desperdício a meu ver.

Messi – Os iranianos fizeram mais um jogo desta Copa do Mundo em que os 11 jogadores atuaram nos seus limites. A Argentina tem defeitos, especialmente nos espaços entre os dois volantes – Mascherano e Gago – e os meias Di Maria e Messi. Alias, Messi é o que nesse time da Argentina. É ponta de lança, ponta direita, meia (interrogação…). Sabella precisa definir isso também. O craque argentino está longe do desempenho de melhor do mundo. Mas é capaz de lances geniais, de aparecer quando o time precisa. E Messi apareceu. Porém, se Argentina não corrigir defeitos, Messi terá apenas adiado o sofrimento dos hermanos. E teve um pênalti não marcado para os iranianos que poderia ter mudado o jogo….

Em tempo – Ontem, me referi aos costarriquenhos como Los Chicos. Na verdade, a grafia estava errada. O termo correto é Los Ticos.

Um comentário em “ANÁLISE: O jogo que suplantou o recorde

  1. Nobre jornalista, o Miroslav Klose por ter igualado o recorde de um Fenômeno é merecedor, sim, da nossa admiração. Entendo, muito claramente, o que você quer transmitir quando diz que o jogo suplantou o recorde. É isso mesmo, pois esse recorde foi construido com duas goleadas da Alemanha sobre equipes medíocres, onde ele anotou 5 vezes em cada uma. Entretanto, discordo quando diz que o Klose escolheu o jogo errado. Penso exatamente o contrário, pois um jogo mais intenso e bem disputado como esse, empresta mais valor e qualidade aos artilheiros, já que mesmo sob forte marcação, são capazes de converter as oportunidades em gols. Vale lembrar que o Ronaldo marcou 15 vezes em várias equipes e em apenas 3 Copas do Mundo, a própria Alemanha foi uma de suas vítimas e numa final. Esses dados evidenciam o tamanho da superioridade do nosso artilheiro.

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