Pegadores x Ouvidos Moucos: narrativa comunista para a morte de Mariano

A estratégia foi definida no Palácio dos Leões: a meta é tentar comparar o caso da morte do médico Mariano de Castro – operador do esquema de R$ 18 milhões na Saúde, desbaratado pela Polícia Federal (leia mais) – ao suicídio do ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Luiz Carlos Cancellier de Olivo.

Cancelier foi preso pela PF no bojo da Operação Ouvidos Moucos. Dias depois de libertado, atirou-se do alto de um shopping de Florianópolis.

Os mais próximos diziam que o professor considerava-se um injustiçado e que nunca cometeu crime nenhum. Não suportou à vergonha da prisão, numa investigação que até o início deste ano não tinha conclusão.

A PF já recebeu duras críticas em Santa Catarina por conta desta operação em específico.

Agora, no Maranhão, é essa a narrativa que os palacianos tentam criar para o caso da morte (muito provavelmente suicídio) de Mariano de Castro.

Com uma diferença crucial: se nada, ou muito pouco, havia de evidências contra o ex-reitor Cancellier, o mesmo não se pode dizer do médico preso na Operação Pegadores.

Peça central

Ainda que se dê o benefício da dúvida em relação ao manuscrito tido como seu – em que ele supostamente admite que cometeu crimes e que deveria pagar por isso -, as provas já colhidas pela PF apontam Mariano como peça central do esquema de corrupção montado na Secretaria de Estado da Saúde (SES) no governo Flávio Dino (PCdoB).

Mariano foi assessor especial da Secretaria de Estado da Saúde do Maranhão (SES) e, nessa condição, teve movimentações financeiras atípicas que chamaram atenção até do desembargador federal Ney Bello, da Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

O médico, gestor da rede estadual de saúde, era paralelamente um empresário, e controlava recursos que saíam da SES para as contas de empresas participantes do esquema.

Em despacho ao negar liberdade ao então acusado, o magistrado estranhou um fato relacionado ao ex-assessor da SES:  Após relatar as várias acusações que pesam contra Mariano (reveja), Ney Bello fez uma reflexão sobre o fato de um servidor “do terceiro ou quarto escalão de uma Secretaria de Estado” ter movimentado somas tão altas de recursos públicos em contas bancárias de sua titularidade, ou sob seu controle.

“Evidente que há algo a ser investigado no conjunto fático aqui demonstrado, pois não é razoável que um servidor do terceiro ou quarto escalão de uma Secretaria de Estado movimente valores do montante apontado, faça pagamentos vultosos a sua ‘sogra’ e através de uma empresa que – ao menos em fundada suspeita – é dele próprio e não de terceira pessoa, mãe de sua esposa. Além de ser, a priori, injustificável que receba valores de prestadores de serviço conforme indicado”, destacou Bello em seu despacho.

Está claro que não só a PF, como também a Justiça, não acredita que Mariano atuava sozinho. Parecia ser, antes, o testa de ferro de alguém maior.

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Cheques

Foi num cofre em um dos endereços de Mariano de Castro, em Teresina, que os federais encontraram, por exemplo, 59 cheques da empresa Márcio V. P. Santos – ME, cada um no valor de R$ 20 mil. A empresa tem um contrato de R$ 1,8 milhão com a Prefeitura de Coroatá e pertence a um filho do atual secretário de Saúde daquele Município (relembre).

No mesmo cofre, a PF encontrou, ainda, nada menos que 30 cheques emitidos pela empresa BrasilHosp, cada um no valor de R$ 10,5 mil.

No total, são R$ 315 mil em cheques da BrasilHosp que estavam em posse de Mariano Silva.

Segundo os federais, a empresa pertence a Luiz Marques Júnior – outro ex-assessor da SES -, o que corrobora a tese de que dois dos principais operadores do esquema de desvios na Saúde estadual estavam em associação criminosa – e reforçam suspeitas que já haviam sido levantadas quando da descoberta de um manuscrito de Luiz Júnior descrevendo débitos que a BrasilHosp tinha (ou tem) com Mariano (veja abaixo).

Condenação

Uma mudança ocorrida em 2012 retirou Luiz Marques Barbosa Júnior do quadro societário da BrasilHosp num movimento que parece ter sido pensado para evitar o bloqueio de bens da empresa.

Em dezembro daquele ano, saíram da sociedade Luiz Júnior e Vanessa Barbosa, e entraram Silvia Brasil e Marlene Barbosa, respectivamente sogra e mãe do ex-superintendente da SES.

Dias depois, ele foi condenado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Maranhão a devolver mais de R$ 7 milhões aos cofres públicos, além do pagamento de multa de mais de R$ 700 mil, por causa de irregularidades na sua gestão à frente da Saúde do Município de Coroatá (reveja).

No escrito ele revelava várias nuances do esquema desbaratado pela PF e apontava envolvidos que já estiveram ou ainda estão trabalhando na SES.

É esse o homem – cuja família merece todas as condolências nesse momento de dor, é bom que se diga – que os comunistas agora querem transformar numa espécie de mártir, numa vítima da PF, ou do pré-julgamento da sociedade.

Vai colar?

4 pensou em “Pegadores x Ouvidos Moucos: narrativa comunista para a morte de Mariano

  1. Antes não tinha, agora tem! Para os abutres desse desgoverno desse comunista maluco a culpa desse assassinato do médico Mariano vai terminar sendo do Sarney. Ora me comprem um bode. Nossa bandeira não é vermelha. Muda Maranhão.

  2. A grande verdade é que “OS PEGADORES DO DINHEIRO PÚBLICO” agora querem fazer o tipo ouvido de mercador – “OUVIDOS MOUCOS” – diante das evidências gritantes. A nota de pesar da SES não representa apenas a velha lágrima de crocodilo. NÃO! O que resta anotado nas suas entrelinhas é uma espécie de confissão subliminar (perdoem a intencional redundância) de “comunistas” que “cristianizam” ou de mentes doentias de quem celebra a morte fingindo chorar pela perda da vida. Fato é que Mariano, FORÇOSAMENTE LEVADO A DEIXAR DE RESPIRAR, findou por dar muito mais fôlego a um escândalo de proporções ainda incomensuráveis, visto que mão inábeis, guiadas por “juízos” pervertidos, tentaram apagar um incêndio jogando sobre as chamas querosene de aviação. Quem viver, verá!

  3. Sobre o “habeas corpus” que tramita hoje no STJ: Lourival Bogea do blog “O Informante” não esclarece devidamente o porquê do Carlos Lula ter recorrido ao STJ. Depreende-se que o Lula se viu, sim, na obrigação de fazer isso com medo de ser preso, porque a desembargadora federal do TRF1 não deve ter dado provimento ao HC interposto em 2017 (nas entrelinhas Lourival, confuso, reproduz por obediência ao que o Palácio lhe passou, usando de eufemismo, que: “a desembargadora federal “retificou” uma decisão sua anterior no caso”), ou melhor, negou o “habeas corpus”! Daí a razão deles recorreram agora com medo ao STJ, sendo distribuído incontinentemente ao ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas do STJ que é prevento nos processos da Operação Pegadores. É esse o resumo da ópera.

  4. Boa noite! Gilberto
    Na minha opinião, em relação ao caso do médico, as Autoridades do Governo, do Poder Público Judiciário do Maranhão, as vezes implantam provas para incriminar cidadão de bem.
    A Polícia do Maranhão, não são confiáveis, são omissos a verdade e incriminadoras, ou seja, gostam de implantar provas e as Autoridades manipulam as investigações para beneficiar Políticos, Magistrados e Empresários.

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