Conselho de Direitos Humanos ignora famílias que não protestam contra o Porto São Luís, dizem moradores

“Ficamos muito tristes ao saber que o Conselho Nacional de Direitos Humanos viria de Brasília até o Cajueiro apenas para discutir sobre a reintegração de posse que ocorreu em agosto. Temos demandas importantes aqui, como a regularização fundiária e outras, que não estão na pauta desta reunião”. O desabafo é do líder comunitário Nataniel Barreto, o Natan, presidente da Associação de Moradores do Andirobal, uma das comunidades que integram o território do Cajueiro, na Vila Maranhão.

Natan reclama do direcionamento da pauta do Conselho Nacional de Direitos Humanos, que visita nesta quarta-feira, 23 de outubro, a localidade Cajueiro.

“A pauta resume-se à situação de seis famílias que ocupam uma área pertencente ao Porto São Luís e deixa de fora o restante da comunidade, cerca de 500 famílias, que têm demandas específicas – desde regularização fundiária à infraestrutura – e que não serão ouvidas pela comissão”, acrescenta o presidente da União de Moradores Proteção do Jesus do Cajueiro, Wilson Costa Pereira.

“Não fomos convidados para esse encontro. Está errado. A comunidade tem de ser ouvida como um todo. O Cajueiro não se resume a essa área da reintegração de posse. Aqui moram centenas de famílias que precisam de estrada, de infraestrutura e que não são contra o Porto, desde que traga melhorias para nossas comunidades”, reclama a presidente do Instituto Manancial do Cajueiro, Eunice Araújo, dona Nicinha.

O território do Cajueiro tem mais de 600 ha e é composto por diversas comunidades: Andirobal, Guarimanduba, Sol Nascente, Prainha, Morro do Egito, Parnauaçu e Cajueiro. O projeto do Porto São Luís ocupa 200 ha desse território. A empresa já indenizou quase todas as famílias que moravam na área do projeto, na comunidade Parnauaçu. Além da indenização, elas estão recebendo aluguel social, cesta básica e terão prioridade nas vagas de trabalho no Porto nesta primeira etapa das obras.

As demais comunidades que integram a localidade Cajueiro iniciaram um diálogo com o Porto São Luís, intermediado pelo Governo do Estado, e começam a obter melhorias, como novo acesso às comunidades, negociação para implantação de um posto de saúde na localidade, inclusão do Cajueiro no roteiro de unidades móveis do SESI para atendimentos de saúde, odontológico e profissionalizante, entre outras.

O Porto São Luís deve gerar nesta primeira etapa das obras 300 empregos, sendo cerca de 100 para moradores das comunidades do entorno.