Folha de S. Paulo
Analista principal da agência de risco S&P para o Brasil, Livia Honsel afirma que, apesar da melhora na perspectiva econômica, ainda levará certo tempo para a recuperação do grau de investimento —nota dada a países com fôlego financeiro para pagar suas dívidas, que o Brasil perdeu em 2015.
Na sua avaliação, a aprovação da reforma da Previdência foi importante, mas o país tem “fraquezas estruturais” que precisam ser corrigidas sob a lente da disputa política entre governo e Congresso.
“O crescimento ainda é baixo, e temos esse passado recente de certos obstáculos políticos que, no fim, impediram a aprovação de algumas reformas”, disse à Folha.
Para Honsel, as eleições municipais do próximo ano e a onda de protestos que tomou a América Latina nos últimos meses devem ser levadas em conta na hora de avaliar a disposição dos parlamentares em aprovar novas mudanças.
No início de dezembro, a agência de risco elevou a perspectiva para o rating de longo prazo do Brasil, que foi de estável para positiva, mas o país segue com a nota de crédito em moeda estrangeira em BB-, considerado grau especulativo e três níveis abaixo do grau de investimento.
Para a analista, a redução do déficit e o crescimento econômico mais forte nos próximos meses podem apontar para uma revisão da nota brasileira para BB, e reformas a curto prazo, como a autonomia do Banco Central, poderiam contribuir para esse cenário.