Com o início da retomada das atividades econômico-sociais na Ilha de São Luís, o segmento religioso, que ficou paralisado por pelo menos 70 dias com a edição do Decreto nº 35.677, de 2020, tem a possibilidade de planejar o retorno dos cultos e celebrações.
O governador Flávio Dino reuniu-se nesta quinta-feira (28) com lideranças religiosas para tratar do tema, mas ainda não definiu data (saiba mais).
Porém, na Assembleia Legislativa do Maranhão tramita o Projeto de Lei nº 156/2020 em que trata não só da retomada das celebrações religiosas, mas propõe um primeiro passo para que seja feita de forma gradual a retomada de todas as atividades. É o Plano de Transição para a Nova Normalidade. A proposição é de autoria do deputado estadual Dr. Yglésio (Pros) – mais detalhes pode ser vistos aqui.
Yglésio, aliás, foi uma voz no parlamento que defendeu a suspensão de reuniões presenciais em templos religiosos. Isso ainda no período mais crítico, quando o sistema de saúde estadual ainda não estava preparado para o enfrentamento da COVID-19.
“Com o inevitável retorno das atividades comerciais, é preciso se discutir também o retorno das celebrações religiosas, com cultos e missas. Fui o primeiro a defender a não-realização de celebrações presenciais em razão da pandemia e reconheço que é a hora de planejar o retorno delas.”, disse o parlamentar em seu Twitter.
O deputado disse, ainda, que o Plano de Transição que tramita na Assembleia Legislativa garante “o retorno dos cultos religiosos, em pequenos templos, para garantir a segurança dos cristãos”. O autor da proposição deixou claro que estes protocolos devem ser adotados, neste momento, na Ilha de São Luís e em pequenos templos com a capacidade recomendada.
A proposta foi bem recebida pela classe evangélica, a exemplo da Assembleia de Deus Vida. O pastor Romualdo Fernandes disse que fechou a igreja durante o decreto estadual e não houve realização de cultos presenciais.
“Somente lives, algumas em casa e outras na própria igreja. Só com o pastor e a equipe de filmagem”, explicou o pastor Romualdo. Para Fernandes, que está há 70 dias sem cultos presenciais, a ausência de fiéis impactou a instituição religiosa.
“Classificamos as atividades religiosas como essenciais não só para a manutenção da fé e comunhão entre os irmãos, mas para amparo e suporte emocional causado pela pandemia. Nesse sentido, acreditamos que já está na hora do retorno, mesmo sendo gradativo e obedecendo exigências”, considerou. Indagado, o religioso disse que há casos depressivos em sua igreja, inclusive entre pastores e líderes.
Sobre o Plano
O Plano de Transição para a Nova Normalidade tem como base o planejamento da Espanha, um dos países que mais sofreu impactos da COVID-19 no mundo. Não há uma perspectiva para que uma vacina seja descoberta em curto prazo e isso tem exigido dos poderes a adoção de medidas restritivas, adotando uma nova normalidade, para que o impacto do vírus seja o menor possível.
O Plano, convertido no Projeto de Lei nº 156/2020, quando trata da religião diz que “A reabertura ao público dos lugares de culto dependerá de que a lotação do ambiente seja de até um terço de sua capacidade em condições normais e que se cumpram as medidas gerais de segurança e higiene estabelecidas pelas autoridades sanitárias.”, além de detalhar de maneira técnica como deve ser adotado os protocolos sanitários.
Porém, o texto também é especifico para quando as autoridades ou mesmo os responsáveis pelo lugar de culto não saibam a capacidade em condições normais. Para locais com espaços com assentos individuais: uma pessoa por assento, devendo respeitar, em todo caso, a distância mínima de um metro entre cada pessoa; para espaços com bancos: a distância aplicada é de um metro entre cada pessoa no banco; e para espaços sem assento: uma pessoa por metro quadrado.
Os protocolos estabelecidos pelas autoridades sanitárias também são destacados neste texto, como o uso obrigatório de máscara e evitar aglomeração em vias públicas para realização de cultos ou eventos religiosos. Além de sempre observar a higienização dos locais antes de cada reunião.
Para o retorno de atividades antes comuns, a sociedade vai ter que estar preparada e disposta a novos hábitos para viver a nova normalidade no tempo pós-pandemia.