Uma cena lamentável foi registrada por um leitor no blog em um corredor do hospital Djalma Marques, o Socorrão I.

Uma criança de 13 anos, com suspeita de meningite, vinha sendo mantida numa maca, sem qualquer assistência digna na unidade, desde segunda-feira (25).

Ela respira com a ajuda de aparelhos e é o pai quem permanece ao seu lado o tempo inteiro.

A família já solicitou a transferência para a UTI, mas, a direção alega falta de leitos. Além de degradante para a própria criança, a situação representa risco a todos os demais pacientes, já que a meningite é uma doença infecto-contagiosa.

O blog apurou que apenas hoje foram feitos exames na paciente. O resultado sai em sete dias. O criança, chegou a ser retirada do corredor, também só agora à tarde, após intervenção do Ministério Público.

Isolamento

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informou que a garota ocupa um leito de isolamento desde o início da tarde. Veja o comunicado abaixo:

“A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informa que a paciente de 13 anos, procedente do município de Rosário, clinicamente dignosticada com meningite, desde o início da tarde está ocupando um leito de isolamento do Hospital Djalma Marques (Socorrão I). Neste momento, a paciente está sendo clinicada com antibioterapia.

A direção do Socorrão está tomando as providências de atendimento à paciente com acompanhamento do Ministério Público do Estado e informa que a paciente deverá ser encaminhada para uma unidade de terapia intensiva do estado nas próximas horas”

Assim que se publicou aqui, ontem (19), a informação de que a vereadora Helena Duailibe (PMDB) pode ser a substituta de César Félix na Secretaria Municipal de Saúde (Semus) de São Luís, alguns leitores alegaram ser muito “grande” a engenharia para tal.

Apegam-se, principalmente, ao fato de que ela é do PMDB, que, saindo, abre vaga a Osmar Filho, que pode acabar não assumindo porque trocou o partido pelo PSB.

Ocorre que a articulação é muito maior que isso – e, além do mais, o fato de Helena estar no PMDB é apenas um acaso nessa história toda.

A vereadora é aliada do grupo que hoje comanda a Prefeitura de São Luís desde os idos de 2005/2006. Naquele tempo, ela era a secretária de Saúde do governo José Reinaldo (PSB).

Foram as canetadas dela, por exemplo, que garantiram boa parte daquele mais de R$ 1 bilhão gastos para irrigar prefeituras aliadas que acabaram garantindo a compra da eleição do ex-governador Jackson Lago (PDT).

No pequeno recorte ao lado, um exemplo: um convênio assinado entre a então secretária de José Reinaldo e o então prefeito de Caxias, Humberto Coutinho (PDT). Foram, de uma tacada só, R$ 600 mil para a compra de equipamentos para unidades de saúde no município.

Como esse, há outras centenas de convênios assinados desde um ano antes daquela eleição, que beneficiaram, ainda, prefeitos como Cleomar Tema (PSB), de Tuntum.

José Reinaldo, Humberto Coutinho e Clemoar Tema, como se sabe, são aliados próximos do presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB), principal tutor do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC).

Vamos em frente.

Mais recentemente, na eleição de 2012, para que não se fique apenas em um exemplo, Helena Duailbe foi uma das primeiras a declarar apoio formal ao petecista no 2º turno. E até gravou participação no programa eleitoral dele (reveja).

Já em janeiros de 2013 – depois de haver sido escolhida candidata a presidente da Câmara Municipal pelo grupo do prefeito -, declarou apoio incondicional a Edivaldo Júnior. “Não medirei esforços para ajudar Edivaldo”, disse (veja acima o recorte de O Imparcial).

E, em setembro, já mais próxima do pai do prefeito, ex-deputado Edivaldo Holanda (PTC), começou a discutir a possibilidade de a Prefeitura arrendar uma clínica no Maiobão, via Instituto Cidadania e Natureza (ICN), que ela conhece bem, justamente dos tempos do governo José Reinaldo.

São essas as credenciais da vereadora para assumir o posto de César Félix. E, assim que a coisa toda for definida pelo prefeito e seu pai, não será uma legenda que impedirá.

Os médicos que atuam na rede municipal de saúde de São Luís iniciaram ontem (13) um processo de demissão coletiva, como forma de pressionar o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC) a melhorar as condições de trabalho da categoria na capital.

A informação foi oficialmente repassada ao petecista por meio de uma carta, encaminhada pelo Sindicato dos Médicos do Estado do Maranhão (Sindmed-MA) e pelo Conselho Regional de Medicina (CRM) do Maranhão encaminharam ontem (13) ao prefeito de São Luís.

No documento, alega-se que os médicos “deram início a pedidos de demissão dos seus cargos, por não mais suportarem trabalhar mediante precárias condições de trabalho, sem vínculo trabalhista e com salários atrasados”.

Veja abaixo a íntegra do documento.

A Sua Excelência o Senhor

O Sindicato dos Médicos do Estado do Maranhão – SINDMED-MA e o Conselho Regional de Medicina – CRM-MA  vêm comunicar a Vossa Excelência que os médicos da rede de urgência e emergência do município de São Luís já deram início a pedidos de demissão dos seus cargos, por não mais suportarem trabalhar mediante precárias condições de trabalho, sem vínculo trabalhista e com salários atrasados.

Hospitais superlotados com pacientes graves atendidos em corredores e macas, associado a um desabastecimento crônico de insumos geram um cenário de caos no atendimento médico, se constitui em um desrespeito à dignidade humana e fere os incisos III, IV e V do Capítulo II – Direitos Médicos – do Cídigo de Ética Médica.

A falta de um Plano de Cargos Carreira e Vencimentos que valorize o profissional médico e garanta uma progressão funcional com piso salarial digno é um estímulo ao absenteísmo e este, por sua vez, leva a uma sobrecarga de funções para os profissionais incompletas.

Caso não haja uma solução imediata dos problemas aqui relacionados, as consequências para a população assistida pelo Sistema Único de Saúde – SUS serão imensuráveis e gravíssimas.

Diante dessa situação espera-se que sejam adotadas medidas urgentes, de forma clara e objetiva, por parte dos responsáveis pela pasta da saúde e da administração municipal no sentido de garantir a assistência médica aos usuários do SUS.

As propostas a seguir enunciadas já seriam um bom começo para resolver parte desses problemas.

1 – Fazer um processo seletivo smplificado, acabar com o vínculo precário do serviço prestado e firmar um contrato de trabalho com base nas regras da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, enquanto não houver concurso público;

2- Quitação dos salários atrasados, manter a regularidade dos pagamentos futuros e conceder reajuste salarial;

3- Abastecimento imediato da rede pública da saúde comos insumos necessários para a boa prática médica.

Ciente do zelo e da responsabilidade que Vossa Excelência tem para com a população que depende do sistema público de saúde, espera-se uma solução em curto espaço de tempo a fim de evitar essa tragédia anunciada.

Atenciosamente,

Adolfo Paraíso                                              Abdon Murad

Presidente do SINDMED-MA           Presidente do CRM-MA