A juíza de Coroatá, Anelise Nogueira Reginato – que declarou a inelegibilidade do governador Flávio Dino (PCdoB) por oito anos por usar programas do governo para garantir votos a seu aliado na cidade, o prefeito Luís Filho (PT), em 2016 -, recebeu ontem (9) a solidariedade de vários deputados de oposição na Assembleia Legislativa.
Depois de divulgada a sentença contrária ao comunista – que atinge, também, o ex-secretário Márcio Jerry (PCdoB), além do prefeito e do vice de Coroatá, respectivamente Luís da Amovelar Filho (PT) e Domingos Alberto (PSB) -, a juíza passou a ser alvo de ataques. Até um perfil no Facebook ela apagou após as intervenções ofensivas de simpatizantes dos comunistas.
Na Assembleia, o primeiro a se manifestar sobre o caso foi o deputado Adriano Sarney (PV). Ele exaltou aquela que considerou “uma decisão corajosa” da magistrada.
“O Maranhão inteiro ficou perplexo com uma decisão corajosa da Justiça, decretando o governador Flávio Dino como inelegível para esta campanha ao Governo do Estado. A decisão, que eu considero acertada, de alguém que respeita a Justiça tanto no Maranhão, como no Brasil, vai além. Ela não apenas impõe como punição a ilegibilidade do governador Flávio Dino, mas ela é clara quando estabelece que o governador Flávio Dino cometeu crimes. Crimes de abuso econômico e político no município de Coroatá durante as eleições municipais daquele ano”, destacou.
Adriano lembrou que, durante a campanha de 2016, ele e outros parlamentares denunciaram na tribuna da Casa o uso da máquina estadual para beneficiar candidatos aliados do Palácios dos Leões, nos mesmos moldes do caso que culminou com a condenação de Dino.
“Eu e outros deputados viemos a esta tribuna, à época, denunciar os abusos cometidos pelo governador durante as eleições municipais daquele ano. Não apenas em Coroatá, mas em São Luís, em Timon e em outras cidades. Assim como até mesmo a prisão de um candidato a prefeito na cidade de Mirinzal, que foi o ex-prefeito Amauri, preso à meia-noite do dia das eleições”, relembrou.
Apoio
O deputado Wellington do Curso (PSDB) fez discurso parecido. Também considerou “corajosa” a decisão judicial e endossou a versão de que, em 2016, houve denúncias de abusos em outros municípios.
“Quão bom é saber que a Justiça é para todos. Ninguém está acima da lei, acima da justiça e acima da ordem. Nem mesmo quem se acha professor de Deus. Eu faço referência no meu pronunciamento à decisão corajosa de uma juíza que compreendeu que o governador Flávio Dino tem usado a máquina pública para captação ilícita de voto”, reiterou o parlamentar, que citou outros casos de uso da máquina em 2016.
“Tudo isso que aconteceu na cidade de Coroatá, senhoras e senhores, também aconteceu em Timon, também aconteceu em São Luís, também aconteceu em vários municípios”, completou.
Edilázio destaca consistência de decisão
O deputado estadual Edilázio Júnior (PSD) também se solidarizou com a juíza. Ele destacou consistência da decisão judicial, a competência da juíza e o histórico incontestável da magistrada no Maranhão.
“Temos aqui de nos solidarizar com uma juíza séria, uma juíza competente que não tem amizades aqui em nosso estado e que chegou ali e cumpriu o seu papel, teve o discernimento e arbítrio para decidir aquilo que achava correto. E assim que a dra. Anelise assinou a decisão, começou a ser atacada, atacada a sua honra, a sua dignidade como magistrada. E aqui ainda não vi, senhor presidente, a Associação dos Magistrados do Estado do Maranhão ou o Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão emitir uma nota sequer a favor da honrada magistrada”, afirmou.
O parlamentar enfatizou que o governador Flávio Dino, logo após a decisão judicial desfavorável, sugeriu interferência política de adversários na sentença. A acusação também atinge a integridade da magistrada.
“O governador Flávio Dino acusa que da decisão os Sarney e os Murad estão por trás, ou que foi uma decisão do Sarney e Murad. Coisa que nada tem a ver com o histórico dessa magistrada”, disse e completou: “o governador Flávio Dino não respeita lei. Não respeita a Constituição. Não respeita o Código Eleitoral. E quando questionado só sabe usar aquela premissa que já foi juiz. E que sabe mais que todo mundo. Então aqui quero deixar minha solidariedade a esta magistrada séria, competente e que mostrou ali o que todos nós vimos, que foi o abuso de poder”, finalizou.