Caso Detran: prefeito de Fernando Falcão jura que assinou atestado

adailtonO prefeito de Fernando Falcão, Adaílton Cavalcante (PMDB), afirmou ao blog, por mensagem de texto, que é dele mesmo a assinatura constante em atestado de capacidade técnica fornecido à BR Construções e apresentado pela empresa no processo que culminou com sua contratação pelo Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran-MA).

As divergências entre a assinatura no documento e e outra na prestação de contas do peemedebista foram mostradas na segunda-feira (20) pelo blog (reveja) e motivaram a deputada estadual Andrea Murad (PMDB) a anunciar que pedirá perícia grafotécnica nas subscrições.

assinatura assinatura2

Segundo o prefeito, às vezes é a “pressa” que faz com que suas assinaturas sejam tão diferentes.

“Nem todas as minhas assinaturas são iguais. Muitas vezes assino com pressa e fica diferenciada. Até cheques meus já voltaram por conta  da minha assinatura que fica diferente”, garante.

Então, tá…

Detran “maquiou” dados para manter contrato com a BR Construções

De O Estado

detranO Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran-MA) apresentou dados equivocados ao Tribunal de Justiça ao agravar decisão liminar do juiz Clésio Coelho Cunha que, respondendo pela Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, havia determinado a suspensão do contrato do órgão com a BR Construções para fornecimento de mão de obra terceirizada.

No recurso protocolado semana passada – que garantiu a revogação da liminar -, o Estado argumentou, dentre outras coisas, que o contrato de R$ 4,8 milhões (aproximadamente R$ 1,6 milhão por mês) geraria economia da ordem de 46% em relação aos contratos anteriormente firmados para o mesmo tipo de serviço.

Segundo o Detran, ao cumprir cláusulas do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre o Estado e o Ministério Público do Trabalho (MPT), o órgão precisou proceder à rescisão dos contratos de terceirização em vigor e dos contratos precários pagos por indenização, além de encerrar todas as terceirizações da autarquia

Na conta apresentada ao Judiciário, o órgão alega que o contrato com a BR Construções substitui seis outros: um com a Diplomata, três com a VTI Serviços, um com a MS Informática e um com o Instituto de Apoio ao Desenvolvimento Social do Brasil (Iadesb). No total, a prestação de serviços por essas firmas custavam aos cofres do Maranhão R$ 2,9 milhões.

“Cabe, destacar, ainda que a proposta de contrato formulada pela atual gestão representa em inegável economia ao erário público estadual”, alega o órgão estadual.

Apenas dois

Ocorre que dos seis contratos citados pelo Detran na peça encaminhada ao TJ, apenas dois versavam sobre o mesmo objeto do serviço atualmente prestado pela BR Construções.

Segundo apurou O Estado, apenas a Diplomata e o Instituto de Apoio ao Desenvolvimento Social do Brasil (Iadesb) forneciam mão de obra terceirizada ao Detran nos mesmos moldes do que faz hoje a nova contratada.

A primeira empresa detinha um contrato de R$ 853 mil por mês; a segunda, um de R$ 492 mil mensais. Somados, os dois contratos representam gastos de R$ 1,3 milhão, por mês, com o mesmo tipo de mão de obra fornecida pela BR Construções. O valor é R$ 300 mil menor do que o atualmente desembolsado pelo Detran.

Dos R$ 4,8 milhões a que tem direito por três meses de prestação de serviços, a BR Construções já recebeu R$ 802 mil – o pagamento foi realizado no dia 1º de abril.

A O Estado, na semana passada, o diretor-geral do Detran explicou por que no primeiro mês a firma não recebeu o valor de R$ 1,6 milhão, previsto em contrato, pelo fornecimento de 470 terceirizados – eram 427 na gestão anterior.

Segundo ele, quando a empresa começou a fornecer a mão de obra, ainda havia funcionários contratados pela Diplomata cumprindo aviso prévio. “Esse pessoal seguia trabalhando quando a BR Construções começou a fornecer pessoal terceirizado, então não precisamos contratar, de início, os 470 previstos”, explicou Nunes.

Caso Detran: Andrea Murad pedirá perícia em assinatura do prefeito de Fernando Falcão

andreaA deputada estadual Andrea Murad (PMDB) anunciou ontem (20) que encaminhará representações ao Ministério Público do Maranhão (MPMA) e ao Ministério Público de Contas (MPC) solicitando perícia grafotécnica em documentos assinados pelo prefeito de Fernando Falcão, Adailton Cavalcante (PMDB).

“Irei encaminhar denúncia ao Ministério Público Estadual e ao Ministério Público de Contas, para que apurem a falsificação clara do atestado que serviu para a contratação da empresa pelo Detran”, declarou.

Após postagem de blog tratando do assunto (reveja) ela disse suspeitar de que o atestado de capacidade fornecido pelo colega de partido à BR Construções pode ter sido falsificado.

“Estou perplexa com a possibilidade de o atestado fornecido pela Prefeitura de Fernando Falcão ser falso, pois a assinatura presente nele é completamente diferente daquela que o prefeito assinou para o TCE quando entregou sua prestação de contas. Não é nem necessária perícia grafotécnica para se constatar que a assinatura do documento apresentado pela construtora não é do prefeito”, disse a deputada.

Ela acrescentou que também solicitará cópia do processo de licitação e do contrato entre a Prefeitura de Fernando Falcão e a BR Construções, porque, se o Município atestou a capacidade técnica é porque contratou serviços da firma.

“Paralelo a essas providências, vou requerer ao prefeito de Fernando Falcão, com base na Constituição Federal e legislação pertinente, cópia do inteiro teor do processo de licitação e do contrato entre a BR Construções e a referida prefeitura”, afirmou.

O Adriano Sarney (PV) também comentou a possibilidade de fraude. Segundo ele, tudo deve ser apurado minuciosamente.

“Nesse contrato do Detran, aparentemente viciado, todos os indícios de irregularidades devem ser apurados em detalhes”, declarou.

Detran faz corte no valor do auxílio-alimentação de concursados

auxilioO presidente da Associação dos Servidores Estaduais de Trânsito do Maranhão (Assetran-MA), Perez Silva da Paz, denunciou ao titular do blog, na semana passada, que a direção do Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran), efetuou um corte no valor do auxílio alimentação dos servidores concursados do órgão.

Quem recebia R$ 605,00 por mês até janeiro deste ano, passou a receber, já em fevereiro, R$ 470,00 – R$ 135,00 a menos no orçamento dos trabalhadores.

Em reunião com a categoria, no dia 4 de março, o diretor-geral do Detran, Antonio Nunes, explicou – de acordo com texto publicado na página da Assetran-MA – que o corte deu-se por conta da fixação da carga horária dos concursados em 6h corridas diárias.

Segundo Perez da Paz, a justificativa “não corresponde ao direito de isonomia previsto no Estatuto do Servidor”.

Os contratados pela BR Construções, completa ele, seguem recebendo R$ 605,00.

Caso Detran: as assinaturas do prefeito de Fernando Falcão

assinatura2assinaturaUm fato ainda chama atenção no caso da contratação da BR Construções pelo Detran-MA, por R$ 4,8 milhões, para o fornecimento de mão de obra especializada ao órgão.

A assinatura do prefeito de Fernando Falcão, Adailton Cavalcante (PMDB), no atestado em que ele confirma que a empresa tem capacidade técnica para prestar serviço ao Estado porque “está realizando satisfatoriamente” serviços similares no Município, difere da assinatura do pemeedebista em documentos anexados à prestação de contas apresentada ao TCE-MA.

O blog teve acessos às duas assinaturas. E as comparou (veja acima). A primeira é no atestado; a segunda, na prestação de contas.

Sem a análise de um grafotécnico, não se pode garantir que houve falsificação, é claro.

Mas que são duas assinaturas muito diferentes. Disso não há dúvidas.

A cópia do atestado de capacidade técnica foi autenticada no dia 28 de janeiro, às 16h56, pela escrevente Hélen Rose Oliveira, do Sétimo Tabelionato de Notas de São Luís.

O blog manteve contato com Cavalcante ainda na semana passada. Ele recebeu mensagem encaminhada por mensagem, mas preferiu não responder.

detran (1)Fraude?

Na edição de ontem (19), O Estado revelou o que pode ser uma fraude no processo de dispensa de licitação que culminou com a contratação da BR Construções.

As datas em documentos oficiais sugerem isso.

O acordo entre o Detran-MA e o Ministério Público – firmado em um TAC -, garantindo a possibilidade de contratação emergencial, foi homologado no dia 14 de janeiro.

No dia 15 do mesmo mês, o processo de dispensa é aberto e iniciado, com um memorando do diretor administrativo, José Guilherme Fernandes, encaminhado ao diretor-geral, Antonio Nunes, requerendo a contratação emergencial de empresa fornecedora de mão de obra terceirizada.

Depois disso, em tese, deveriam ser disparadas solicitações de propostas a empresas do ramo.

A Comissão Central de Licitação (CCL) do Estado, no entanto, detectou que três firmas – dentre elas a BR Construções – apresentaram propostas sem que o Detran houvesse feito as solicitações.

Só entre as folhas 214 e 222 do processo, então, aparecem as solicitações.

Mas todas elas têm data de 12 de janeiro, quando o processo não havia sido sequer aberto, tampouco o acordo com o MP homologado.

E ainda com um erro de digitação: como se vê do documento acima (clique para ampliar), os pedidos de propostas versa sobre “serviços de advocacia”.

Detran: BR Construções recebeu atestado de empresa que opera com os Macedo

cardoso1cardoso2A Construtora Cardoso Ltda., signatária de um dos atestados de capacidade técnica apresentados pela BR Construções para validar o contrato de R$ 4,8 milhões para fornecimento de mão de obra ao Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran-MA) – leia mais -, é uma das maiores beneficiárias de contratos na Prefeitura Municipal de Dom Pedro, administrada por Hernando Macedo (PCdoB), filho do empresário José Wilson Macedo, o Dedé Macedo.

O deputado estadual Fábio Macedo (PDT), também filho do empresário, abriga em seu gabinete, como assessora, a fundadora da BR Construções, Leila Assunção da Silva. Ela é chefe de gabinete, mas atualmente está desligada da empresa.

As ligações entre as duas firmas – e o elo entre elas e a família de Dedé Macedo, este um dos doadores de campanha do governador Flávio Dino (PCdoB) em 2014 -, vão, contudo, muito além do caso envolvendo o fornecimento de um documento que ajudou na contratação, irregular de acordo com a Justiça, pelo Detran.

Em Dom Pedro, só em 2014, a Construtora Cardoso venceu licitações cujos contratos, somados, chegam a mais de R$ 2 milhões. Na maioria dos casos, a empresa aluga máquinas pesadas para a gestão Hernando Macedo.

Os dois maiores contratos do ano passado, por sinal, tratam desse tipo de serviço: o primeiro no valor R$ 588 mil, o segundo, R$ 841 mil.

No dia 31 de dezembro, a edição do Diário Oficial do Estado do Maranhão traz a publicação de três outros extratos. Mais um para locação de máquinas pesadas, no valor de R$ 499 mil, e outros dois de locação de veículos para secretarias municipais, totalizando, juntos, R$ 162 mil.

Fernando Falcão

E não é só em Dom Pedro que atua a construtora Cardoso. Dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Maranhão mostram que, também em 2014, ela faturou R$ 6,5 milhões na Prefeitura de Fernando Falcão.

Desse total, R$ 3,7 milhões foram efetivamente pagos e outros R$ 2,8 milhões entraram na rubrica “restos a pagar”, para serem liquidados em 2015. Os dados constam da prestação de contas do prefeito Adailton Ferreira Cavalcante (PMDB).

O peemedebista também apresentou – em 5 de janeiro, segundo dia útil de 2015 – atestado de capacidade técnica confirmando ao Detran a qualificação da BR Construções para o fornecimento de mão de obra especializada.

Dizia o documento que a construtora estava prestando serviços ao Município, o que sugere licitação (ou dispensa) e contrato anteriores a 2015. Mas não existe na prestação de contas de 2014 a identificação de nenhum pagamento à empresa. Consulta feita ao Diário Oficial do Estado também não apontou nenhum contrato entre a Prefeitura e a firma.

construtoraEm São Luís, a relação da BR Construções com a Construtora Cardoso é ainda mais próxima. As duas firmas funcionam praticamente no mesmo endereço, na Rua do Desenho, no Cohafuma.

Os imóveis ficam praticamente um em frente ao outro (veja ao lado). Uma firma funciona no número 6 e outra, no número 30. No local, a vizinhança acredita que ambas tratam do mesmo negócio.

(Com informações de O Estado)

Fábio Macedo se disse “surpreso” ao saber que BR Construções tinha contrato no Detran

fabioO deputado estadual Fábio Macedo (PDT) disse ontem (14) ao blog, por telefone, que ficou surpreso ao saber que a BR Construções havia sido contratada pelo Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran-MA) do Maranhão para fornecer de mão de obra especializada ao órgão

O pedetista abriga em seu gabinete uma ex-sócia da empresa, Leila Assunção da Silva. Ela é chefe de gabinete.

Fundadora da BR Construções – constituída como LR Construções – Leila assunção saiu da empresa em novembro do ano passado, e foi nomeada na Assembleia Legislativa em fevereiro deste ano, apenas um mês após a assinatura do contrato entre a BR e o Detran.

Foi essa relação uma dos motivos que levaram o juiz Clésio Coelho Cunha, titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, a suspender o contrato. Para ele, a proximidade entre a ex-sócia-fundadora da BR Construções e Fábio Macedo sugere “possível ofensa ao princípio da moralidade e impessoalidade”.

O deputado é filho do empresário José Wilson Macedo, o Dedé Macedo, uma dos doadores de campanha do governador Flávio Dino (PCdoB).

Ao blog, o deputado confirmou a relação de trabalho com Leila Assunção. O pedetista negou, contudo, que ele ou sua família tenham qualquer vínculo com a empresa.

“Eu já conheço ela há algum tempo. Ela é uma amiga minha. Foi até eu que convidei ela e falei que para trabalhar comigo ela tinha que se desligar da empresa. De fato, ela se desligou em novembro. Ela trabalha comigo, está lá todo dia, é muito competente. Mas não tem vínculo nenhum comigo essa empresa dela”,

Macedo se disse surpreso ao saber que a empresa criada pela sua chefe de gabinete havia sido contratada, sem licitação, para um contrato de R$ 4,8 milhões. Ele acusou a deputada estadual Andrea Murad (PMDB) de tentar “criar fato político”.

“Quando eu soube disso, fiquei até meio surpreso. O problema é que a Andrea quer criar fato político. Eu não tenho nada a ver. A empresa não é de nenhum parente meu. Ela não está irregular em nada, porque se desligou em novembro”, afirmou.

Justiça suspende contrato do Detran com a BR Construções

detranO juiz Clesio Coelho Cunha, titular da Vara de Interesses Difusos e Coletivos de São Luís, deferiu hoje (14) liminar em ação popular impetrada pela deputada estadual Andrea Murad (PMDB) e determinou a suspensão imediata do contrato entre o Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e a BR Construções.

A empresa foi contratada pelo órgão, por R$ 4,8 milhões, para o fornecimento emergencial de 470 prestadores de serviços, pelo período de três meses. Do total do contrato, R$ 800 mil já foram pagos (leia mais).

No seu despacho, o magistrado acolhe argumentos da peemedebista quanto à possibilidade de “ofensa ao princípio da moralidade e impessoalidade” na celebração do contrato.

“Haja vista a mudança da estrutura societária da sociedade empresarial às vésperas da celebração do contrato, tendo em vista que a antiga sócia Leila Assunção da Silva deixou a sociedade, sendo substituída pelo genro, e, em cerca de dois meses, assumiu cargo em comissão no gabinete do deputado Fábio Macedo”, destacou.

Para o juiz, a alteração recente do objeto social da empresa – para incluir o fornecimento de mão-de-obra de que trata a dispensa de licitação – leva a crer que houve favorecimento à BR Construções.

“Alteração recente, em 12 de janeiro de 2015, do objeto social da sociedade empresária para incluir locação de mão de obra temporária, levando a crer ter ocorrido favorecimento indevido de empresa que não atuava no ramo, razão pela qual, ainda que fosse o caso de dispensa de licitação, não deveria ter sido contratada”, completou.

Clésio Cunha não especifica o período da suspensão. “DEFIRO o pedido liminar para determinar ao ESTADO DO MARANHÃO, DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO – DETRAN/MA que suspenda a eficácia da contratação da BR CONSTRUÇÕES COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA. – ME, até ulterior deliberação deste juízo, sob pena de responsabilização pessoal do gestor em caso de descumprimento”, concluiu.

O Detran e a empresa “MacGyver”

edilázioO deputado Edilázio Júnior (PV) cunhou um termo interessante ao comentar a contratação, pelo Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran-MA), de uma construtora para fornecer mão-de-obra especializada para as atividades fim do órgão (veja mais aqui).

Segundo ele, a BR Construções – contratada sem licitação por R$ 4,8 milhões -, é uma “empresa MacGyver”. 

“Essa empresa pode ser chamada de empresa MacGyver. Ela aqui faz de tudo, salva o mundo”, disse.

Edilázio referia-se à vasta lista de serviços supostamente prestados pela construtora contratada pelo Detran.

Apesar dos numerosos objetos listados no contrato social, contudo, a empresa não possuía capacidade técnica para fornecer o serviço de que necessitava o órgão.

No processo de dispensa de licitação, a BR Construções apresentou atestados emitidos pela Prefeitura de Fernando Falcão e pelas empresas Santos Rocha Comércio e Serviços Ltda. e Construtora Cardoso. Todas garantindo que a contratada tinha capacidade de fornecer mão de obra especializada para o Detran.

O objeto social da empresa, no entanto, diz o contrário. “A empresa BR Construções, quando de sua constituição, em 28/08/2014, tinha como objeto social, referente a mão de obra, apenas ‘Locação de mão de obra temporária’. O que não configura o caso da contratação em questão”, reitera o relatório.

Para se adequar, a BR Construções modificou seu contrato social no dia 12 de janeiro de 2015, acrescentando ao documento as especialidades “serviços combinados de escritório e apoio administrativo” e “seleção e agenciamento de mão de obra”.

Ocorre que todos os documentos no processo referem-se a supostos serviços realizados antes disso. O atestado da Prefeitura de Fernando Falcão, assinado pelo próprio prefeito, Adailton Cavalcante, foi fornecido no dia 5 de janeiro; o da Construtora Cardoso informa período de contratação entre setembro e dezembro de 2014; e a Santos Rocha Ltda. diz que a BR Construções foi contratada também em 2014.

O próprio Edilázio já havia contestado, ontem (13), a discrepância entre as datas.

“Eu pergunto: como ela [BR Construções] podia prestar um serviço, se nem sequer tinha habilitação?”, questionou.

A Comissão Central de Licitações (CCL) do Estado também apontou o erro e asseverou: “Não vislumbramos, portanto, o cumprimento da exigência de comprovação das condições técnicas”.

Mesmo assim – e ainda diante de vários outros vícios também apontados pela CCL -, o Detran procedeu à contratação. E já pagou mais de R$ 800 mil à construtora.

“A Superintendência de Combate à Corrupção já pode começar a trabalhar, pode começar por esse caso”, disse o parlamentar verde.

Nota

Na sua página pessoal no Facebook, o diretor-geral do Detran, Antonio Nunes, publicou uma nota de esclarecimento que ele diz ter encaminhado a este blog. O comunicado nunca chegou, mas como defensor do bom debate, publico abaixo a íntegra do texto (entre parênteses vão alguns comentários meus).

Relativamente à matéria “O estranho contrato de terceirização no Detran” publicado nesta data no blog de titularidade de Vossa Senhoria, em respeito à opinião pública e em exercício ao direito de resposta que nos compete, vimos esclarecer o seguinte:

1. Em primeiro lugar: não há absolutamente nada de estranho na contratação da empresa BR Construções como revela o título do post, tendo em vista que o processo de escolha obedeceu todos os ditames da legislação federal e estadual sobre a matéria; (a CCL apontou, em dois relatório diversas incongruências. Em um dos pareceres a assessoria jurídica disse que sequer vislumbrava no caso a necessidade de contratação emergencial, sem licitação)

2. Por outro lado é de se estranhar que os nobres deputados não tenham visto os ofícios (fls. 214/222) do Detran solicitando a três empresas propostas para serviço de mão-de-obra, a fim de atender ao acordo firmado com o Ministério Público do Trabalho que previa a rescisão dos contratos de terceirização que estavam em vigor e os precários pagos por indenização e o encerramento de todas as terceirizações no prazo de 3 anos, livrando a autarquia de uma execução de 1 bilhão de reais; (mais uma vez é a própria CCL quem desmente o diretor: não foram apenas os deputados que não viram as soliciatções: nem a assessoria de planejamento, nem a assessoria jurídica viram as tais solicitações no processo, tanto que relataram isso em pareceres técnicos. As solicitações só aparecem no processo após essa revelação feita pela CCL)

3. A proposta da empresa vencedora substituiu 5 contratos de 4 empresas que prestavam os serviços de mão-de-obra no DETRAN e com uma economia de 30% ao erário, mesmo se tratando de um processo emergencial e cuja licitação ocorrerá em breve;

4. Também é inverídica a matéria, que reproduz discurso político da Dep. Andrea Murad, pois a empresa BR Construções desde a sua constituição possui em seu objeto societário a atividade “mão-de-obra temporária”. A terceira alteração da empresa ocorrida em 12 de janeiro incluiu outros objetos e não tem referência à mão-de-obra; (em seu discurso, a deputada Andrea Murad apensa relatava o que lia nos pareceres da CCL; foi a comissão quem identificou os problemas na mudança do objeto da BR Construções; a empresa, de fato, modificou o objeto no dia 12 de janeiro, mas apresentou atestados de capacidade técnica de serviços prestados em 2014, ou até o dia 5 de janeiro de 2015, quando ela, pelo menos em tese, ainda não era habilitada para tal; segundo a CCL, essa discrepância nas datas era embaraço ao “cumprimento da exigência de comprovação das condições técnicas”)

5. Todos os atestados de capacidade técnica são posteriores à constituição da empresa, tanto é que a própria CCL atestou a capacidade técnica da empresa as fls. 163/168; (ninguém disse que os atestados são anteriores à constituição da empresa; os atestados são anteriores à modificação do objeto social, ou seja: a BR Construções apresentou documentos comprovando que ela estava habilitada a prestar um serviço quando o seu objeto social não permitia isso)

6. Por fim, a CCL não “contestou” a contratação da empresa vencedora. No curso do processo a CCL emitiu parecer apontando algumas inconsistências, as quais foram submetidas ao DETRAN e devidamente esclarecidas e corrigidas na sequência, tanto que a CCL homologou o processo à unanimidade de votos e isto também é omitido na matéria; (a CCL opinou pela contratação “desde que sejam sanadas as inconsistências suscitadas neste estudo”; a assessoria jurídica do Detran, afirmou que atenderia a algumas das recomendações da comissão, mas ponderou, no entanto, que no caso da capacidade técnica, que o serviço a ser realizado pela empresa contratada assemelha-se ao de um setor ‘recursos humanos’, que, se não é simples, não guarda complexidade suficiente para a exigência em liça”. O assessor jurídico do órgão ainda fez um questionamento, respondido por ele mesmo: “Daí a seguinte indagação: é documento essencial o atestado de fornecimento de mão de obra assemelhada à requerida pelo Detran-MA? Entendo que não”, destacou.

7. Lamentamos profundamente que, por má-fé ou por apenas interesse político, seja desvirtuado um procedimento absolutamente correto e dentro da legalidade;

8. Ficamos à disposição para quaisquer outros esclarecimentos por ventura existentes (haverá ainda questionamentos outros).

Atenciosamente,
Antonio Nunes
Diretor Geral do Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão

Detran ignora CCL e terceiriza mão-de-obra de construtora sem capacidade

Antonio Nunes, diretor-geral do Detran

Antonio Nunes, diretor-geral do Detran

De O Estado

O Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran) contrariou relatórios da Comissão Central de Licitações (CCL) do Governo do Estado e confirmou a contratação, sem licitação, da BR Construções e Comércio Ltda. para o fornecimento emergencial de 470 prestadores de serviços para o órgão pelo período de três meses.

Para cumprir o contrato – ao fim do qual deve ser realizada, obrigatoriamente, licitação -, o Detran já empenhou R$ 4.857.903,30 e pagou, no dia 1º de abril, R$ 802.169,61, referentes à prestação dos serviços entre os dias 10 de fevereiro e 10 de março.

Segundo relatórios técnicos das assessorias de Planejamento e Jurídica da CCL, no entanto, a contratação não poderia sequer ter sido efetivada, o que motivou ação popular protocolada pela deputada estadual Andrea Murad (PMDB).

As primeiras irregularidades foram apontadas por Sheila Barros, assessora de Planejamento e Ações Estratégicas da CCL. Em relatório técnico preliminar, ela ressaltou que as empresas que apresentaram propostas para a dispensa de licitação – participaram do certame, ainda, a Limpe Serviços e a D. Limpeza e Serviços Gerais – não haviam sido demandadas para isso.

“Não consta no processo ‘Solicitação’, encaminhada pelo DETRAN/MA, para as empresas oferecerem propostas de preços”, destacou.

As assessoras jurídicas Thelma Azevedo e Bruna de Abreu, em parecer jurídico, identificaram o mesmo problema. “Não consta a solicitação/requisição do Detran-MA para as empresas participantes apresentarem propostas”, ressalvaram.

detranCapacidade

Outra incongruência diz respeito aos atestados de capacidade técnica apresentados pela vencedora do certame. A CCL não cita fraude, mas levanta suspeitas.

A BR Construções apresentou atestados emitidos pela Prefeitura de Fernando Falcão e pelas empresas Santos Rocha Comércio e Serviços Ltda. e Construtora Cardoso. Todas garantem que a contratada tinha capacidade de fornecer mão de obra especializada para o Detran.

O objeto social da empresa, no entanto, diz o contrário. “A empresa BR Construções, quando de sua constituição, em 28/08/2014, tinha como objeto social, referente a mão de obra, apenas ‘Locação de mão de obra temporária’. O que não configura o caso da contratação em questão”, reitera o relatório.

Para se adequar, a BR Construções modificou seu contrato social no dia 12 de janeiro de 2015, acrescentando ao documento as especialidades “serviços combinados de escritório e apoio administrativo” e “seleção e agenciamento de mão de obra”.

Ocorre que todos os documentos no processo referem-se a supostos serviços realizados antes disso. O atestado da Prefeitura de Fernando Falcão, assinado pelo próprio prefeito, Adailton Cavalcante, foi fornecido no dia 5 de janeiro; o da Construtora Cardoso informa período de contratação entre setembro e dezembro de 2014; e a Santos Rocha Ltda. diz que a BR Construções foi contratada também em 2014.

“Não vislumbramos, portanto, o cumprimento da exigência de comprovação das condições técnicas”, acrescenta o relatório.

A peça é corroborada pelo parecer da assessoria jurídica, que opina pela contratação, “desde que sejam sanadas as inconsistências suscitadas neste estudo”. Mas a recomendação foi ignorada pelo chefe da assessoria jurídica do Detran, Diego Santos Maranhão.

“No caso, infere-se do termo de referência que o serviço a ser realizado pela empresa contratada assemelha-se ao de um setor ‘recursos humanos’, que, se não é simples, não guarda complexidade suficiente para a exigência em liça. Daí a seguinte indagação: é documento essencial o atestado de fornecimento de mão de obra assemelhada à requerida pelo Detran-MA? Entendo que não”, relatou ele, encaminhado a contratação.

Outro lado

Por meio de nota, o Detran informou que “o contrato emergencial atende ao acordo feito entre o Governo do Estado e o Ministério do Trabalho do Maranhão (MPT-MA)” e que no primeiro mês a BR Construções e Serviços Ltda incorporou para o seu quadro de funcionários apenas 269 trabalhadores de outras terceirizadas. “Por esta razão, o valor previsto para o contrato de R$ 1,6 milhão não foi atingido”.

O Detran acrescenta “que a tendência é diminuir a quantidade de contratados e o valor total do contrato para a terceirização dos serviços”.

Mais

A assessoria jurídica da CCL relatou em seu parecer ao Detran não haver encontrado motivos para que a contratação fosse feita por dispensa de licitação. “Não fora comprovada a caracterização da situação de dispensa suscitada, assim como com os elementos necessários à sua configuração”, diz o relatório.

__________________Leia mais

O estranho contrato de terceirização no Detran