A ação desmedida de cinco policiais – um deles à paisana –, na tentativa de resolver uma briga de vizinhos, culminou com um crime que causou revolta na comunidade da Vila Kiola.
O vendedor Marcos Antonio Araújo Cruz, 35, foi baleado três vezes nas pernas depois que cinco PMs invadiram sua casa, na manhã deste domingo (2).
Tudo começou na noite do dia 31 de dezembro. Marcos foi à casa de um vizinho reclamar do volume do som, que estava muito alto. A casa funciona como bar.
A esposa de Marcos acabou de dar à luz uma criança e estava se sentindo incomodada porque a criança não conseguia dormir. Não houve acordo e, já na madrugada do dia 1º de janeiro, quando os dois vizinhos conversavam em frente à casa de Marcos sobre o problema, a esposa do dono do bar se aproximou e desferiu-lhe um tapa.
Marcos reagiu e houve luta corporal entre os três. Um neto do casal também se envolveu e, segundo Marcos, o ameaçou com duas facas e um garfo.
Terminada a confusão, todos foram para suas casas. O som permaneceu alto o restante da madrugada.
No sábado (1º), Marcos Cruz registrou ocorrência. Mas foi na manhã deste domingo (2) que ele viveu seu pesadelo. Por volta das 9h da manhã, ele foi fechar o portão de casa depois de uma cunhada ter saído.
Na porta, avistou um carro preto – onde estava o policial à paisana – e uma viatura da PM que, segundo Marcos, era de Panaquatira.
“Quando eu apareci na porta, um deles já foi dizendo: ‘ei, vagabundo, é você que gosta de bater em velho?’”, declarou Marcos.
Ele pressentiu o perigo e fechou o portão, mas o primeiro PM já avançava em sua direção, atirando. Dentro de casa, ele fechou portas e janelas.
Os PMs abriram o portão e arrombaram as duas portas da casa do vendedor. Já dentro da casa, deram vários tiros e fizeram ameaças. “Eles sabiam que não estava certo o que eles estavam fazendo, porque não tinham mandado, não tinham nada, porque não sou criminoso. Então eles queriam que eu fosse com eles para a rua”, afirma Marcos.
Receoso pela vida da mulher e da filha, a vítima concordou em sair de dentro de casa, mas não deixou os militares levarem-no para a rua. “A gente ficou lutando no terraço”, disse.
Foi quando a primeira das trapalhadas ocorreu. No momento em que deu uma coronhada em Marcos, um dos policiais acabou atirando no próprio pé acidentalmente. “Ele caiu gritando. A arma para um lado, o pente para o outro”, lembra.
A violência do bando, então, aumentou. Os quatro PMs restantes deram socos e pontapés na vítima e, antes de ir embora, desferiram tiros nas pernas de Marcos, que foi levado ao Socorrão II pelos próprios PMs.
Os PMs foram embora. O blog já tentou contato com a assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública, sem sucesso. Informações extra-oficiais dão conta de que dois dos militares já estão presos no Comando Geral da Polícia Militar.
O policial à paisana foi identificado apenas como sargento Amâncio. Ele seria amigo dos proprietários do bar.