A rebelião que eclodiu ontem (9) no Centro de Detenção, em Pedrinhas, e os ataques a oito ônibus pela cidade deram origem, hoje (10), a uma série de boatos dando conta da amplificação das ações criminosas pela cidade.

Desde o início da manhã, por exemplo, circula em grupos de discussão via Whatsapp o áudio acima. Nele, um jovem afirma que o promotor Cláudio Cabral, após conversar com os rebelados na Penitenciária, teria alertado alunos da UNDB, onde é professor, a não sair de casa no fim de semana porque os criminosos teriam prometido “tomar a cidade”.

Tudo mentira, segundo o próprio promotor. “Eu sequer estive em Pedrinhas ontem. E depois da divulgação desse áudio, não consegui mais trabalhar hoje, porque todo mundo me liga querendo saber disso”, declarou.

Outro boato fala em arrastões pela cidade. Desde as 9h da manhã o titular do blog já foi informado sobre supostos arrastões no Jaracaty, na Litorânea e na Cohab e um tiroteio no Renascença, em frente ao Tropical Shopping – alguns falam em assalto ao Monumental Shopping.

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP) garante que não recebeu qualquer chamado dessas regiões.

E a última estratégia de desocupados é divulgar em redes sociais fotos de rebeliões antigas como se fossem atuais. Até a imagem do jovem que teve um facão enfiado na cabeça durante uma briga em Cururupu (veja) está sendo propagada como se fosse fruto da rebelião.

(Fotos: Douglas Júnior/O Estado)

O repórter Thiago Bastos, de O Estado, conversou ontem (9) com um dos integrantes do Bonde dos 40 – uma das facções criminosas que comandam o tráfico de drogas em São Luís -, que relatou, por telefone, o motivo do motim que terminou com 13 mortos e 26 feridos no Centro de Detenção (veja post abaixo).

Segundo o detento, a rebelião ocorreu devido ao episódio registrado no dia 1º de outubro deste ano, quando três presos foram mortos na Penitenciária de Pedrinhas, após a transferência de 35 presos da Central de Custódia de Presos de Justiça, do Anil. Os mortos seriam integrantes do Bonde dos 40, que teriam sido executados, na ocasião, por integrantes do grupo rival Primeiro Comando do Maranhão (PCM). “Nós não podíamos deixar batido o que fizeram com nossos irmãos. Precisávamos fazer alguma coisa para vingar a morte dos nossos irmãos”, disse o detento.

Perguntado se a razão da rebelião teve a ver com a descoberta de um túnel na Cadet, o preso negou. “Não tem nada a ver com túnel. Fizemos isso aqui hoje [ontem] porque os caras do PCM são nossos inimigos e tínhamos de matar eles”, disse.

(Foto: Reprodução/TV Mirante)

Ao mesmo tempo em que estourava a rebelião em Pedrinhas, membros do mesmo Bonde dos 40 faziam terror pela cidade. Pelo menos oito ônibus, em oito bairros diferentes, foram incendiados pela gangue.

Houve registros na Cohab, no Cohatrac, Monte Castelo, Maracanã, Vila Janaína, Cidade Olímpica, Rio do Meio e São Raimundo.

(Foto: Douglas Jr./O Estado)