João Castelo e a estratégia da vitimização

Castelo quer virar vítima

Já está claro qual o verdadeiro objetivo do prefeito João Castelo (PSDB) ao mandar a secretária de Planejamento do Município, Maria do Amparo, alardear que os recursos federais para a obra do Corredor Urbano de São Luís já estão garantidos, mesmo sabendo que não estão.

A estratégia do prefeito – e isso fica mais nítido no debate sobre o assunto – é culpar uma suposta ingerência do Governo do Estado caso os recursos não sejam garantidos ao município.

Em rodas de conversas, o discurso já começa a ser montado. Mas é nas redes sociais que o argumento ganha mais força.

Em comentário aqui mesmo, neste blog, o assecla da prefeitura que se identifica apenas como Roberto Ojuara, por exemplo, já deu o tom do embate verbal.

“Com certeza seus chefes estão lutando para que Dilma faça como Roseana age, com picuinhas e revanchismo”, declarou.

No Twitter e Facebook a estratégia vai-se consolidando.

Ou seja, a idéia é fazer João Castelo de vítima, quando ficar claro que o projeto do Corredor Urbano não passará disso, um projeto.

Corredor Urbano de Castelo tem suspeita de superfaturamento

Pode estar eivado de irregularidades o projeto de construção do Corredor Urbano que a Prefeitura de São Luís discutiu, ontem (9), em audiência pública na Assembléia Legislativa.

A primeira delas diz respeito ao valor da obra, que pode estar superfaturada.

Serão R$ 430 milhões, segundo a secretária de Planejamento do Município, Maria do Amparo. Como a via terá 11,6 km, cada quilômetro custará aos cofres municipais a bagatela de R$ 40 milhões.

Isso mesmo, R$ 40 milhões por quilômetro de via.

Só para efeito de comparação, a Via Expressa, que o Governo do Estado deve começar a construir no início do segundo semestre, custará, por quilômetro, cerca de R$ 10 milhões.

Quatro vezes mais barata.

Mas não é só isso. O impacto ambiental é outro entrave ao projeto da Prefeitura. Desde o seu início, até o fim, o Corredor margeará o Rio Anil, por cima do mangue mesmo. Já dá para imaginar o dano ao meio.

Nesse ponto, outra irregularidade. A Prefeitura já protocolou o pedido de Licença Prévia para construir a avenida, mas ainda não tem Estudo de Impacto Ambiental (EIA), pré-requisito básico para se requerer a LP.

Improbidade administrativa na certa.

Recursos nada garantidos

Apesar de a secretária Maria do Amparo garantir que os recursos são parte superada do problemas, a história não é bem essa. Pelas contas apresentadas por ela, os investimentos estão assim divididos:

– R$ 97 milhões do Governo Federal;
– R$ 290 milhões do BNDES;
– R$ 43 milhões da contrapartida da Prefeitura.

Maria do Amparo jura, de pés juntos, que a presidenta Dilma Roussef (PT) vai dar os R$ 97 milhões, que o recurso já garantido, que está na LOA (Lei Orçamentária Anual) e no PPA (Plano Plurianual).

Balela.

Se estivesse garantido, ela mostrava o empenho. Mas não mostra porque não existe. Logo, não há garantia de nada.

E mais: ela quer fazer que se acredite que os R$ 43 milhões da Prefeitura também estão em caixa.

Podem até estar. Mas, se estão, porque o prefeito João Castelo (PSDB) não usa logo essa grana pra tapar buracos?

Roberto Costa e Maria do Amparo frente e frente na AL, de novo

Deve pegar fogo a audiência pública desta quinta-feira (9), convocada pela deputada estadual Gardênia Castelo (PSDB) para discutir os projetos do Corredor Urbano, da Prefeitura de São Luís, e da Avenida Metropolitana, do Governo do Estado. O evento acontece a partir das 15h, na Assembléia Legislativa.

Isso porque estarão frente a frente, de novo, o deputado estadual Roberto Costa (PMDB) e a secretária de Planejamento do Município, Maria do Amparo.

Costa defenderá a viabilidade da Metropolitana; Amparo, o Corredor Urbano.

Deve sair faísca.

Para quem não lembra, Maria do Amparo é a mesma que foi chamada pelo deputado de “A Louca do IPTU”, após o ataque de nervos que teve na mesma Assembléia devido ao cancelamento de uma audiência pública sobre o imposto.

Na ocasião, Roberto Costa por pouco também não perdeu as estribeiras.

A tarde promete.

“Corredor Urbano”: a história que Castelo não conta

Castelo: "Corredor" mais longe do que parece

Houve uma conversa de gabinete em Brasília que pode definir o futuro do “Corredor Urbano” da Prefeitura de São Luís e que o prefeito João Castelo (PSDB) tem feito questão de esconder.

O diálogo ocorreu na diretoria de Mobilidade Urbana, do Ministério dos Transportes, e dela participaram a diretora do Ministério, o próprio prefeito e vários assessores.

Na ocasião, Castelo apresentou o projeto de construção do “Corredor” – anunciado na imprensa o último fim de semana. Depende desse projeto a viabilização de pelo menos metade dos mais de R$ 800 milhões necessários para a construção da obra.

Após a pomposa apresentação, o próprio prefeito se empolgou e questionou da diretora se aquilo o credenciava a estar na frente da disputa pelos recursos federais – para quem não sabe, o projeto disputa com vários outros o financiamento federal dentro do PAC Mobilidade Urbana.

A resposta da diretora foi seca: “Prefeito, o projeto é muito bom, mas, agora, vem a parte política”.

Quem presenciou a cena diz que João Castelo fechou a cara no mesmo instante.

Isso porque a “parte política” não lhe é nada favorável. Castelo é do PSDB, a presidenta Dilma, do PT. Além disso, no Maranhão, quem apoiou a eleição da petista foi a governadora Roseana Sarney (PMDB). Trocando em miúdos: é muito difícil que um projeto de um tucano seja agraciado antes de um projeto de um aliado.

Mas essa história Castelo não conta.

E, então, dá razão a quem acha que o anúncio da construção do “Corredor Urbano” se deu exclusivamente para gerar um fato nove e tirar o foco das denúncias sobre a fraude do IPTU.