O encontro deveria servir para a discussão de políticas de desenvolvimento dos municípios com baixo IDH – uma etapa do programa “Mais IDH”, do Governo do Estado.
Mas o que se viu foi uma demonstração explícita de perseguição política, nas dependências do Palácio Henrique de La Roque, sede administrativa do Executivo estadual.
Durante a reunião, o vereador Adalto, de Cajari, cobrou do governador Flávio Dino (PCdoB) a transferência do capitão Walteir Filho, lotado na regional de Viana da Polícia Militar, porque ele foi coordenador de campanha do senador Edinho Lobão (PMDB) em 2014 e, em tese, estaria massacrando os aliados do comunista na cidade.
Recentemente, o militar envolveu-se em confusão com o juiz Osmar Gomes, diretor do Fórum Desembargador Sarney Costa, durante o Carnaval. O magistrado é chamado de amigo pelo vereador Adalto.
“Como cidadão, não gostaria de estar sendo perseguido por ninguém. Porém, nós fomos perseguidos nos nossos municípios porque escolhemos o senhor para ser o nosso governador”, disse o parlamentar, no início da sua explanação sobre o caso.
Para ele, não era justo que o capitão permanecesse “lá, no mesmo lugar”, sendo adversário político do grupo que atualmente comanda o estado.
“Nós temos um exemplo, agora, que a maioria da sociedade maranhense viu. Foi uma discussão entre um juiz amigo nosso, de Cajari, com um capitão da polícia, que foi o coordenador da campanha do nosso adversário, e hoje continua lá, no mesmo lugar, tentando pisar no nosso pescoço. Aí eu lhe digo, governador: não é justo que nós, que lutamos pelo senhor, podemos continuar com que essas pessoas fiquem nos massacrando. Se existe algum trabalho bem feito hoje lá no Comando de Viana, chame-se outra pessoa para substituí-lo e fazer um trabalho de igual ou melhor”, completou o vereador (foto acima).
Flávio Dino, então, disse compreender a demanda do correligionário, garantiu que tem dito á polícia que a corporação “não pode ter lado”, mas ressaltou que o Governo “vai estar atento” à situação e mandou que o vereador conversasse após a reunião com o secretário de Articulação Política, Márcio Jerry (PCdoB).
“Eu compreendo perfeitamente que o senhor disse e eu quero lhe dizer que essa tem sido a nossa preocupação. Inclusive sobre esse episódio que o senhor mencionou, depois o Márcio [Jerry] vai lhe falar, porque eu acompanhei esse episódio. E o que tenho dito para a polícia é que a polícia não pode ter lado, a polícia não pode trabalhar partidariamente. A polícia tem que aplicar a lei, para isso que eles são pagos. Então a gente vai estar atento a isso e depois o Márcio vai explicar para o senhor a situação”, declarou o governador.
O encontro ocorreu no dia 27 de fevereiro. Nesta semana, começaram a circular informações de que o capitão da PM já havia sido transferido para o sul do estado.
O blog contactou o Comando-Geral da PM para confirmar a informação. Sem sucesso.