A situação do prefeito de Pedreiras, Totonho Chicote (PRB), não para de se complicar. Além de estar com os bens bloqueados e indisponíveis pela Justiça e com seus sigilos fiscal e bancário quebrados por decisão judicial, o gestor está na iminência de ser cassado e agora tem mais um escândalo da sua administração revelado.
No Povoado Santa Edwiges, distante 10 km da cidade de Pedreiras, uma ponte que deveria ligar o povoado à sede do município nunca saiu do papel. Ou melhor: da placa. Apesar de o recurso ter sido liberado.
Segundo a placa fixada no local pela Secretaria de Estado das Cidades e Desenvolvimento Urbano (Secid), a obra orçada em R$ 115.616 mil deveria ter sido iniciada no dia 20 de fevereiro de 2014 e concluída em 19 de outubro do mesmo ano.
Mas até hoje nada foi feito. Quem precisa ir de um lado ao outro, passa por dentro d´água ou pelo mato. As motos que chegam ao local são transportadas por garotos que cobram de R$ 5,00 a R$ 10,00. De carro é impossível atravessar.
Cadê a ponte?
A indicação para a construção da ponte foi feita em 2013 pelo vereador Serapião Louro (PSDC), filho do à época deputado estadual Raimundo Louro, e encaminhada ao prefeito Totonho Chicote.
No dia 2 de setembro de 2013, o prefeito de Pedreiras, convidou o então deputado para vistoriar as condições da estrada. A visita foi acompanhada pelos vereadores Serapião Louro, Adonias Quineiro, Paulinho da SP, Everson Veloso e pelo engenheiro Sueldo Formiga, que garantiu que a construção da ponte de concreto teria início em uma semana, com prazo de entrega de 120 dias.
O convênio foi celebrado através de emenda parlamentar do deputado Raimundo Louro com a Secid, assinada pelo o secretário Hildo Rocha na gestão passada. A placa foi levantada e até sacos de cimento foram comprados e colocados no local – acabaram estragando com as intempéries.
Mas a ponte, nada.
Sem explicações
O prefeito Totonho Chicote continua em silêncio sobre o assunto. Nunca deu explicações a respeito do que foi feito com o que já foi pago do convênio.
Nem mesmo após uma denúncia pública feita pelo próprio vereador Serapião Louro, há dois meses. Aliado do prefeito, ele teve um rompante de rompimento, mas foi aconselhado pelo pai a evitar o embate.
Na cidade, a oposição cobra manifestações de todos: Serapião e Raimundo Louro, Totonho Chicote e até do Ministério Público.
Afastamento
O escândalo da ponte “fantasma” é apenas uma das tantas suspeitas de irregularidades cometidas pelo prefeito Totonho Chicote.
Na ação que resultou na indisponibilidade dos seus bens, por exemplo, a promotora de Justiça Sandra Pontes enumera nada menos que oito empresas nas quais a Prefeitura de Pedreiras realizou compras de forma irregular, sem licitação e pagando valores superfaturados, segundo o MP.
Entre os casos citados, chamam atenção a aquisição, junto à empresa MK3 Comércio e Serviço Ltda, de 1.300 kg de peixe in natura, em um único dia, e o pagamento de R$ 214.750,00 à empresa L de Sousa Lima Publicidade, sendo que no endereço constante nas notas fiscais não há imóvel comercial e, sim, uma casa residencial.
Outras compras listadas são a de 530kg de cebola, no intervalo de 14 dias, e a de 309 kg de alho in natura, em único dia.
Na ação, além do afastamento do prefeito, o MPMA também solicitou que o Poder Judiciário condene o gestor à perda de sua função pública; à suspensão de seus direitos políticos, por período a ser estipulado.
Requer, ainda, a condenação do gestor ao pagamento de multa de até cem vezes o valor da remuneração recebida e à proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios e/ou incentivos fiscais pelo prazo de 10 anos.
Outro pedido do Ministério Público, ainda a ser apreciado pelo Poder Judiciário, foi a condenação de Francisco Antonio Silva à restituição, ao Município de Pedreiras, de todos os valores subtraídos ao erário público.