“Somos um Estado de povo trabalhador, que tem orgulho de sua terra”, diz Roseana em artigo

O Maranhão de verdade*

Os brasileiros conhecem a realidade do sistema carcerário nacional. Rebeliões e violência ocorrem, infelizmente, em vários presídios de diversos Estados.

São diversas as causas dos problemas do sistema prisional, alguns dos quais acabam por agredir de forma dramática a paz e a tranquilidade da família brasileira. Os Estados, sem exceção, sofrem com um modelo centralizador e burocrático.

roseanasarneyAlém disso, a vinculação de recursos orçamentários restringe a distribuição equilibrada da receita corrente líquida para atender as demandas setoriais. Em média, no país, o gasto com pessoal está em torno de 45% do orçamento; a educação fica com 25%; saúde, com 12%; o pagamento da dívida, com 13%.

Somados, esses percentuais alcançam 95% da receita estadual. Sobram apenas 5% para outras obrigações, como custeio da máquina, segurança pública, infraestrutura, programas sociais, agricultura etc.

Para piorar, temos o problema das drogas, que é a principal causa da violência: para financiar o tráfico e o consumo, mata-se e rouba-se.

O Maranhão nunca teve tradição de violência. Quando deixei o governo em 2002, éramos o Estado menos violento do país. A expansão do crime organizado pelo território nacional, apoiado na exploração do tráfico de drogas, criou conexões entre gangues e grupos criminosos, espalhando pelo país o padrão de violência que vemos hoje.

Os indicadores do Maranhão avançam, apesar de todas as dificuldades que menciono neste artigo. Hoje, somos o 16º PIB brasileiro; em 2011, último dado do IBGE, o PIB real cresceu 10,3%, enquanto o PIB do Brasil ficou em 2,7%; fomos o primeiro no Nordeste e o quinto no país; a renda per capta alcançou R$ 7.852,71.

Na educação, a média das escolas foi elevada de 478,75, em 2011, para 481,37 em 2012, segundo dados do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012. Com o resultado, o Maranhão subiu três posições no ranking do Enem.

Estamos executando um dos maiores programas de saúde no Brasil, com a construção de dez unidades de pronto atendimento e 72 hospitais. Novas adutoras, redes de distribuição e estações de tratamento estão sendo implantadas para aumentar a cobertura da população em saneamento básico.

Na segurança pública, com recursos próprios, são R$ 131 milhões para construção de sete novos presídios, recuperação e reaparelhamento do sistema carcerário, compra de armamento, veículos, detectores de metal, esteiras de raio-x e estações de rádio. Até o dia 15 de fevereiro, 2.401 novos policiais aumentarão o nosso contingente. Até agora, 418 vagas foram criadas nos presídios maranhenses. Esse número será duplicado nos próximos seis meses.

Não aceito e não compactuo com a violência. O respeito aos direitos humanos e à integridade física dos cidadãos está acima de tudo. Nenhum órgão de defesa do cidadão apresentou denúncia de ameaça a familiares de presos.

O que se passou em Pedrinhas é ato de selvageria e barbárie. Determinei rigorosa apuração dos fatos e punição exemplar aos responsáveis. A morte da menina Ana Clara, de seis anos, ficará em nossas lembranças para sempre.

Somente com a união do Executivo, Legislativo, Judiciário, Defensoria Pública e Ministério Público será possível vencer essa dura batalha. Na última quinta-feira, recebi o ministro da Justiça e representantes dos três Poderes.

Já iniciamos um grande plano de ação com 11 itens que contemplam medidas como mutirão das defensorias, transferência de presos e núcleos de atendimento, além de capacitação do policial. São medidas que solucionarão o problema carcerário do Estado.

Somos um Estado de povo trabalhador, que tem orgulho de sua terra e de sua tradição. Com o nosso esforço e a ajuda de todos, vamos vencer essas dificuldades.

*ROSEANA SARNEY, 60, socióloga formada pela Universidade de Brasília (UnB), é governadora do Maranhão pelo PMDB

“Tirem a máscara”, sugere ex-juiz a “defensores dos direitos humanos”

sergio_munizO advogado Sérgio Muniz, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Maranhão, bateu forte, na noite de ontem (6), em oposicionistas que se têm aproveitado dos recentes ataques do crime organizado em São Luís para fazer política.

Para ele, “beira o ridículo” a atuação de “submissos capachos de renovadores de araque”, que tentam esconder por trás da Constituição Federal suas preferências político-partidárias.

“Não politizem o que não é política e tratem como merece os agentes desses atos desproporcionais. Não tentem esconder na constituição federal suas preferências. Ao defender esses marginais vcs só valorizam seus atos por sua busca inconsequente de poder”, escreveu.

Em 1999, Justiça considerou ilegal trabalho de cubanos sem CRM

O jornalista Reinaldo Azevedo publicou hoje em sua colina no site da revista Veja (aqui) uma nota interessante, de 1999, mostrando que, àquela época, a Justiça de Tocantis proibira o trabalho de médicos cubanos sem o devido registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) de Tocantins.

Para ampliar o debate, veja o que diz a matéria de 14 anos atrás:

dilma_médicosA justiça de Tocantins proibiu o trabalho de médicos cubanos no Estado. No último dia 12, o juiz federal Marcelo Albernaz concedeu liminar ao Conselho Regional de Medicina do Estado do Tocatins (CRM-TO) proibindo que os profissionais estrangeiros atuassem no Estado.

Na sentença o juiz comparou o trabalho dos cubanos a curandeirismo. O vice-presidente do Conselho de Medicina, Frederico Melo, justificou a posição da entidade, alegando que os médicos cubanos não conhecem a realidade sanitária do Estado, não dominam a língua portuguesa nem provaram que são médicos.

A decisão da justiça atinge 96 profissionais que estão no Brasil – alguns desde 1997 – participando do Programa de Saúde na Família (PSF), projeto dos governos estadual e federal. Os médicos trabalhavam sem registro no CRM-TO, que constatou também a existência de uma lista fictícia do corpo clínico de um Hospital de Araguaína, onde havia médicos cubanos com número de CRM inexistente no Estado.

A Procuradoria do Trabalho do Tocantins, em entrevista ao CRM-TO, observou que se há médicos com falsificação de CRM atuando em hospitais do Governo Municipal ou Estadual há crime de falsidade do profissional e do administrador do hospital e ainda há improbidade administrativa do servidor público responsável pela manutenção do profissional irregular em atividade. Irritado, com a decisão da justiça do Tocatins,o presidente de Cuba, Fidel Castro, determinou que os médicos impedidos de trabalhar retornassem ao País imediatamente.

O retorno deve acontecer nesta sexta-feira (15). Os médicos trabalhavam em 48 cidades do Estado desde 1997, quando foi firmado um acordo de cooperação entre os governos de Tocantins e de Cuba. A Secretaria de Saúde do Estado diz que eles foram contratados para atuar no PSF, pois na época não havia médicos brasileiros interessados em trabalhar no interior. Uma situação que, de acordo com a secretaria, persiste.

O convênio Brasil-Cuba, que permitiu a entrada dos médicos cubanos no Tocantins, segundo com a Procuradoria do Trabalho do Estado, apresenta falhas desde o início. Inclusive uma falha constitucional que é a falta de autorização pelo Congresso Nacional. As 42 cidades do Estado, onde atuavam os médicos cubanos, começarão a receber novos profissionais para atuar no PSF.

O Estado teria contratado 20 médicos para atuar nos Hospitais de Referência prejudicados, como informou a Secretaria de Saúde do Estado.

(Fontes: Agência Estado, Rede Globo, Jornal do Tocantins, CRM-TO).

Nota do blog: ao: contrário do que a maioria apressada possa pensar, não sou contra a vinda de médicos de onde quer que seja para trabalhar no Brasil. O que questiono é : qual o problema de a turma do “Mais Médicos” ter que revalidar os diplomas como todo médico que já veio ao país para trabalhar até hoje?

Carlos Brandão não segura em pé o que diz sentado

brandãoO deputado federal Carlos Brandão (PSDB-MA) tem se notabilizado nas últimas semanas por tentar negar, em notas, o que diz a jornalistas e mesmo o que seus colegas de partido dizem à imprensa local.

Tem ficado conhecido como um homem que não segura em pé o que fala sentado, como se diz no popular.

Nesta segunda-feira (26), por exemplo, ele usou novamente sua página no Facebook para desmentir matéria do titular deste blog publicada em O Estado e também nesta página.

Sob o título “‘Ainda há muita mágoa do Flávio Dino no PSDB’, diz Brandão“, a reportagem revela que o deputado federal, em entrevista por telefone, admitira que ainda há setores do partido “magoados” com o comunista.

“Eu pessoalmente não tenho problema com ninguém, mas ainda existe, sim, muita mágoa do Flávio Dino no partido”, foi exatamente o que disse Brandão. Sem tirar, nem por.

Mas ele agora nega. Diz que, na verdade, quando destacou a “mágoa” existente no PSDB se “referia aos 3 anos e meio de perseguição da mídia local (sabidamente controlada pelo grupo político Sarney) ao ex-prefeito de São Luís, João Castelo”.

Ora, caro leitor! Dá pra acreditar que o nobre parlamentar, em entrevista a um jornalista do Sistema Mirante, desandaria a falar em “mágoa” por perseguição dos veículos deste sistema?

Poderia até fazê-lo. Mas se o fizesse, a declaração estaria na matéria tal e qual foi dada. O titular deste blog não tem por hábito inventar declarações. Por isso reafirma: em nenhum momento se falou durante a entrevista em perseguição de quem quer que seja a João Castelo (PSDB).

Brandão é quem se está notabilizando por falar demais, arrepender-se, e depois tentar consertar tudo com notinhas em redes sociais.

Como no caso em que ele disse a um grupo de médicos, em reunião no seu gabinete, que Flávio Dino (PCdoB) havia “se perdido” por “não saber fazer política”.

O caso foi relatado ao titular do blog por uma fonte que estava no gabinete do tucano no momento ele recebeu uma ligação telefônica do comunista. Os dois conversaram por alguns minutos e, após encerrar o papo, Brandão emendou: “Era Flávio Dino. Esse aqui se perdeu. É inteligente, competente, mas não sabe fazer política. Está perdido” (reveja).

É óbvio que Brandão soltaria depois uma nota negando ter dito que eu e ele sabemos que disse. O detalhe é que, no comunicado-desmentido, o deputado confirma ter recebido a comitiva de médicos em seu gabinete, tal qual se disse aqui.

Ou seja: ele, no mínimo, chama nosso interlocutor de mentiroso.

Desmentindo o colega

Mas não são só as declarações dele próprio que Carlos Brandão tenta negar. Na semana passada o titular do blog publicou outra matéria em O Estado informando que uma reunião na sexta-feira (23) decidiria os rumos do partido em 2014.

Brandão sequer foi ouvido para a produção do material, porque após inúmeras tentativas por telefone, SMS, Facebook e assessoria de imprensa, não houve respostas.

A fonte escolhida, então, foi o deputado estadual Neto Evangelista, secretário-geral da legenda, que disse o que segue. “O presidente [Carlos Brandão] convocou a reunião para deliberar sobre as conversas que ele teve com Flávio Dino e com Luis Fernando”, relatou, para completar em seguida: “A decisão que o partido tomar na sexta-feira, essa decisão é mantida até a convenção”.

Pois bem.

Mesmo sem sequer ser citado como portador da informação, Brandão, como presidente do partido, achou que deveria desmenti-la. E escreveu mais uma vez no Facebook: “Na verdade, não há previsão de um anúncio oficial imediato”.

Ou seja: ele, no mínimo, chama Neto Evangelista de mentiroso.

O que Brandão parece ainda não ter entendido é que o titular do blog não atingiu o nível de credibilidade que tem hoje inventando histórias, colocando declarações na boca de quem quer que seja.

Portanto, por mais que o deputado emita mil notas tentando negar o que disse sobre Fávio Dino estar “perdido”; que disse existir “mágoa” do comunista no partido; e que alguém no PSDB falou em “decisão” na sexta-feira da semana passada, o leitor que passa por aqui sabe que todas essas informações são fidedignas, porque apuradas por quem tem compromisso com a verdade, independentemente de lado político.

Ao tucano, um conselho: um homem na sua posição, presidente estadual de um dos maiores partidos do país, precisa ter mais firmeza em seus posicionamentos públicos – e mesmo nos mais reservados. Eles sempre podem virar notícia.

Quem passa a vida a desmentir o que muitos sabem que foi dito, pega rápido demais a pecha de não confiável. E isso é péssimo para um homem público.

Desaviso: há quem sustente a tese de que a confusão de declarações do parlamentar se dê pelo temor de não se reeleger em 2014. Talvez seja por isso que ele praticamente todo dia “toma café” com Luis Fernando (PMDB), “almoça” com Eliziane Gama (PPS) e “janta” com Flávio Dino (PCdoB). Tudo aspeado para que o tucano não se de ao trabalho de emitir mais uma nota desmentido tantos eventos diários.

“A vaga é da Assembleia”, diz procuradora em artigo sobre disputa pelo TCE

Flávia Gonzalez Leite
Procuradora do Ministério Público de Contas do Maranhão

Surge no cenário político maranhense grande especulação quanto ao preenchimento da vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão a ser aberta com a aposentadoria do conselheiro Yêdo Flamarion Lobão, em outubro próximo. A dúvida é: a vaga de conselheiro é da Assembleia Legislativa Estadual ou do Ministério Público de Contas?

O imbróglio consiste na titularidade da vaga, em função do que reza a Constituição Federal, em seu artigo 73, § 2º, segundo o qual “Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão escolhidos: I – um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e merecimento; (…)”

O aparente conflito em torno da vaga decorre da ausência de representatividade no TCE/MA, até o presente momento, de conselheiro oriundo do Ministério Público de Contas, instituição que veio a se consolidar no Maranhão no ano de 2007, com o ingresso de quatro procuradores de Contas aprovados em concurso público.

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Não resta dúvida quanto à importância e à imprescindibilidade de que reste assegurado a um membro do Ministério Público de Contas o assento que lhe é de direito. No entanto, algumas premissas têm que ser observadas em prol da legalidade e da defesa da ordem jurídica, que se sobrepõem a interesses pessoais ou de carreira. Daí por que o estudo aprofundado da questão leva a concluir-se que a vaga a ser preenchida não pertence ao Ministério Público de Contas.

A Assembleia Constituinte de 1988 definiu um novo perfil ao modelo dos Tribunais de Contas Brasileiros, adotando como princípio fundamental a repartição de competências para indicação entre o Poder Executivo e o Legislativo, incluindo, nessa balança, os cargos de origem técnica, como os de auditores e membros do Ministério Público de Contas.

Com base nesse princípio, o STF editou a Súmula 653 em 2003, cujo Enunciado é cristalino: “No Tribunal de Contas Estadual, composto por sete conselheiros, quatro devem ser escolhidos pela Assembléia Legislativa e três pelo chefe do Poder Executivo Estadual, cabendo a este indicar um dentre auditores e outro dentre membros do Ministério Público, e um terceiro a sua livre escolha”.

Após a Carta de 1988, a primeira vaga do TCE/MA foi preenchida em agosto de 1989 pelo conselheiro Raimundo Nonato Lago, escolhido e nomeado pelo então chefe do Poder Executivo. Posteriormente, em dezembro de 1991, o conselheiro Yedo Lobão foi alçado ao cargo por escolha do Poder Legislativo. Também o foram os conselheiros Jorge Pavão (agosto de 2000) e Edmar Cutrim (outubro de 2000). O último a ser nomeado foi o conselheiro Caldas Furtado (2002), escolhido dentre os membros da carreira de auditor pelo chefe do Executivo. Assim, observa-se que, na atual composição do TCE/MA, existem apenas três conselheiros provenientes da Assembléia Legislativa.

Observa-se, portanto, que o TCE/MA ainda não está completo, segundo os termos da nova ordem constitucional (4 vagas da Assembléia e 3 do Executivo). Tampouco foi integralmente preenchido segundo a regra de transição estipulada pela Constituição Estadual, no artigo 52, § 3º, pois ainda existem 2 vagas que foram preenchidas anteriormente à CF/88, por indicação do então chefe do Executivo.

Assim, é indubitável que a vaga aberta com a aposentadoria do conselheiro Yêdo Flamarion Lobão é da Assembleia Legislativa do Maranhão, tendo em vista que:

a – A vaga fica vinculada à origem: A jurisprudência já sedimentada do STF já definiu, no julgamento da ADI 2.117/MC, DJ 07.11.2003, que a substituição de membros que ingressaram nos Tribunais de Contas após a Constituição de 1988 deve obedecer ao critério da origem dos componentes, vinculando-se cada vaga à respectiva categoria a que pertence. No mesmo sentido, no julgamento da ADI 3688/PE, DJ de 24.08.2007, o ministro relator Joaquim Barbosa defendeu que “cadeiras inicialmente preenchidas, após a CF/88, por indicação da Assembleia Legislativa, tornam-se, verdadeiramente, cativas, no sentido de que somente poderão ser preenchidas, após estarem vagas, por nova indicação também da Assembleia Legislativa. Nesse sentido também as Suspensões de Segurança n° 2357 e 2924/PB;

b – Nessa fase de transição para o novo modelo constitucional, o novo regime de composição deve priorizar a proporcionalidade entre os membros, vale dizer, o número de quatro integrantes escolhidos pelo Poder Legislativo para três escolhidos pelo Executivo (consoante a ADI 219/PB, DJ 23.09.94, a ADI 3255/PA, DJ 07.12.2007 e SS 2924/PB). Ou seja, deve ser respeitado o critério da proporcionalidade de quatro Conselheiros indicados pela Assembléia para três do Executivo, segundo a Súmula 653 do STF. Assim, por hipótese, caso a vaga do conselheiro Yêdo Lobão viesse a ser provida por indicação do Executivo, esta proporcionalidade seria desrespeitada, pois o TCE/MA ficaria com a seguinte composição: apenas 2 indicados pela Assembleia (Conselheiros João Jorge Pavão e Edmar Serra Cutrim) e todos os outros 5 escolhidos pelo chefe do Executivo, o que contrariaria expressamente o texto constitucional e retardaria ainda mais a implantação do novo regime de composição preconizado pela Carta de 1988.

Ainda no julgamento da ADI 3688/PE, o ministro Joaquim Barbosa afirmou explicitamente que “A vaga do ministério público impõe-se somente e exclusivamente na cota de escolha do Governador. Não se pode retirar vaga que pertencia ao Poder Legislativo para garantir a representatividade do Ministério Público”.

c – Por fim, também segundo o STF (ADI 3688/PE), “a determinação acerca de qual dos poderes tem competência para fazer a escolha dos membros dos tribunais de contas estaduais deve preceder à escolha da clientela sobre a qual recairá a nomeação”. No mesmo sentido, o ministro Marco Aurélio de Melo, em sede da ADI 1957/MC, DJ 11.06.1999, externou que primeiramente deve-se perquirir a qual dos poderes cabe a indicação para somente, em segundo momento, caso a competência do governador esteja configurada, se saber qual clientela será escolhida (entenda-se clientela por auditores, membros do MP Especial ou livre nomeação). No mesmo sentido, a ADI 1957/AP, DJ 22.10.2010, relator ministro Gilmar Mendes.

Exatamente pelas razões expostas acima, entende-se que a dúvida levantada não resiste ao aprofundamento do tema, vez que a jurisprudência já sedimentada do Supremo Tribunal Federal traça claramente as diretrizes que devem ser adotadas na condução do processo de escolha do novo conselheiro do TCE/MA.

Lutar, portanto, o bom combate é o que resta ao Ministério Público de Contas fazer e o que o legitima enquanto instituição. Por isso, aguarde-se a abertura de vaga vinculada ao chefe do Poder Executivo e, então, o MPC garantirá, legitimamente, a representatividade que a CF/88 já lhe assegurou.

Saúde pública

Tem-se ouvido muita tolice sobre a presença de médicos estrangeiros no Brasil. Uma delas é que eles seriam completamente desnecessários, pois nosso problema não seria a falta de médicos e tão somente de infraestrutura hospitalar. Não é verdade. Quase sempre os hospitais do país são um desastre, mas a falta de médicos, principalmente no interior, é luminosamente incontestável.

uti_carlos macieiraDizem também que os médicos cubanos viriam para o Brasil na condição de escravos, pois o governo cubano determinaria quanto cada um deles receberia do que fosse pago pelo governo brasileiro. Não dá nem para discutir um troço desses; a começar pelo fato de que o governo do Brasil jamais aceitaria condições de semiescravidão em seu território.

Os médicos brasileiros têm, sim, muito do que reclamar das terríveis condições de trabalho a que são submetidos, mas não podem dizer que não há dificuldades para a contratação de profissionais na área da saúde.

Por outro lado, sendo oposição ou não, é preciso reconhecer que o espetáculo de ineficiência da saúde pública que vem sendo revelado pela Rede Globo em diversas reportagens não cabe mais para o Maranhão. Pode até ser que não tenhamos um modelo britânico de saúde, como teria dito o secretário Ricardo Murad, mas o pesado volume de investimentos no setor é inegável. Não se pode negar que, com apoio federal, o governo do Maranhão investe mais em saúde pública que qualquer governo de outro Estado do país. Hospitais são inaugurados quase que mensalmente em todas as regiões e comprovadamente estão funcionando. O mesmo acontece com as UPAS, inclusive as de São Luís e os equipamentos nessas unidades hospitalares são de última geração. Se há alguma deficiência nos novos nosocômios construídos e inaugurados pelo secretário de Estado da Saúde, Ricardo Murad, ainda é de pessoal. Mas isso não pode ser sentido em São Luís, a exemplo do Hospital Carlos Macieira, Hospital Geral e nem mesmo nas UPAS que recebem centenas ou milhares de pacientes todos os dias.

Diante da inadmissível situação da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, onde, conforme reportagem da Globo, não existem UTIs nem na rede municipal nem na rede estadual de saúde ou da situação dos hospitais de Belém, também mostrados pela Rede Globo, alguns dados referentes à saúde pública no Maranhão são, no mínimo, alentadores. Os dados são oficiais, mas o governo do Maranhão está investindo mais de R$ 1 bilhão em construção de novas unidades, aquisição de equipamentos e na reforma e adequação das unidades já existentes. E, pasmem, desse total, menos que R$ 19 milhões são oriundos do governo federal.

A calamidade na saúde pública é, portanto, um desastre político-administrativo dos governos do PT que se encaminha para 12 anos no poder sem encontrar solução para esse caos que se agrava cada vez mais. E pode ser exatamente a saúde pública a responsável por uma provável derrota do PT nas próximas eleições.

(Editorial do Jornal Pequeno)

Manifestações em SL já perderam a utilidade

Thiago Bastos
titular interino

Acompanho como repórter e como cidadão as manifestações realizadas em São Luís desde a quinta-feira (19) e é perceptível que tais atos já perderam qualquer sentido reivindicatório. Fatos de vandalismo foram registrados na quarta-feira (26), quando um posto de gasolina situado na avenida Jerônimo de Albuquerque foi saqueado por “supostos” integrantes do manifesto.

É preciso que os responsáveis pelos manifestos revejam suas posições, antes que alguém mais saia ferido nessa história.

Clay e Igor Lago oficializarão desfiliação do PDT na Justiça Eleitoral

Igor e Clay Lago: juntos na saída (Foto: De Jesus/O Estado MA)

Igor e Clay Lago: juntos na saída (Foto: De Jesus/O Estado MA)

Os ainda pedetistas Clay e Igor Lago oficializam, na terça-feira da semana que vem, dia 4 de junho, a saída do PDT. Os dois irão juntos ao Fórum Eleitoral, no Anel Viário, entregar a formalização da desfiliação. Está prevista uma entrevista coletiva após o ato, que ocorrerá às 15h.

O filho do ex-governador Jackson Lago já havia externado a intenção de deixar a legenda. Em encontro com o vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha (PSB), e com o hoje comunista Luiz Pedro, no dia 7 de maio, ele elencou os motivos que o levaram a decidir pela saída da legenda.

“Em toda a minha militância política, o único partido a que fui filiado foi o PDT, das referências históricas de Leonel Brizola, Neiva Moreira, Darcy Ribeiro, Francisco Julião, Jackson Lago e tantos outros […] Neste momento, não há mais esses elementos de luta no PDT”, disse.

Para ele, o PDT tem sido usado como linha auxiliar de partidos com aspirações nacionais mais bem definidas. “Tanto em nível nacional como local o partido deixa de ser protagonista para ser apêndice, sem um projeto nacional e local que ampare as suas pretensões. Um partido que perdeu, inclusive, a sua estatura ética e moral. Deixo o PDT para honrar a  luta dos fundadores do próprio partido. Farei isto, nos próximos dias, numa carta aberta ao povo do Maranhão”, disparou.

Debate

A saída de Clay Lago, por outro lado, foi debatida por quase um mês. Assim que anunciada a decisão de desfiliação de Igor Lago, a viúva de Jackson também chegou a ser procurada para falar sobre o assunto, mas ainda não havia se posicionado, apesar de sempre deixar claro que conversaria com seus mais próximos aliados na sigla.

No inicio do mês de abril, por ocasião do lançamento da revista do “Instituto Jackson Lago”, que completava um ano, ela já mostrava descontentamento com o atual momento da oposição e reafirmava as críticas à forma como se deu a mudança de comando no PDT – Igor Lago chegou a ser presidente de uma Comissão Provisória, mas perdeu muito espaço no partido logo no primeiro ano após a morte de Jackson Lago.

“A minha questão com partido foi de democracia interna. Foi imposta uma direção, tudo veio de cima para baixo e nós não concordamos com essa atitude que foi tomada. Na época do Jackson, as coisas sempre eram discutidas internamente”, disse.

Na ocasião, ela também comentou o “vácuo” existente na oposição após a morte do ex-governador pedetista. “Uma liderança não se constrói da noite para o dia. Isso é uma coisa que vai surgindo e vai sendo cultivada. É difícil, porque a gente tem hoje no país um apagão de lideranças”, declarou.

O vereador Ivaldo Rodrigues – um dos principais aliados do atual presidente estadual do PDT, deputado federal Weverton Rocha – foi o único membro do PDT local a posicionar-se publicamente até hoje sobre a postura de Clay e Igor Lago. Para ele, Jackson foi “um dos homens mais extraordinários” que o Maranhão já teve. “Pena que a herança que ele deixou a sua família foi a mágoa, a dor e especialmente o ranço de uma vida inteira. […] Viva o Jackson e repúdio aos que, como Igor Lago, só dissemina ódio, raiva e rancor”, escreveu em sua página numa rede social, também no início de abril.

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“Que Deus o acompanhe e a mim não desampare”, diz Lupi

Advogado comenta constrangimento de passageira da Guanabara

Do blog do Ítalo Gomes

italoNa última semana, quem leu o blog do maranhense Gilberto Léda se deparou com uma narrativa estarrecedora sobre os maus tratos e o desrespeito que as empresas cometem contra os consumidores – Passageira da Guanabara relata abuso e constrangimento em viagem -, quando vêem seus lucros, por mínimos que sejam, serem ameaçados. Segue o relato:

“Adquiri um bilhete em 11 de maio de 2013, no guichê da agência na rodoviária de Parnaíba para viajar no dia 19 de maio de 2013. Sempre adquiro os bilhetes com antecedência. Entretanto, ao chegar à rodoviária, percebi que não estava com o bilhete. Dirigi-me ao guichê, apresentei meu documento de identificação e solicitei uma 2ª via, certa de que não haveria empecilho algum. Até porque antes certifiquei-me de que meu nome encontrava-se na lista de passageiros, em poder do motorista.

Para minha surpresa, fui informada pelo funcionário da empresa que teria de efetuar a compra de um novo bilhete. Argumentei que isso não poderia acontecer, pois o bilhete já havia sido adquirido. Se ele consultasse o computador (que está conectado a todos os outros da empresa espalhados por onde ela presta serviços, verificaria isso), portanto não haveria motivos para a não emissão de uma 2ª via. O que se sucedeu a partir daí foi uma série de atitudes desrespeitosas por parte de todos os funcionários que estavam presentes no momento.

Eles, já com bastante desdém em relação à situação, disseram que eu deveria comprar outra passagem e se recusaram a me fornecer um motivo plausível para a não emissão de 2ª via. Eu recusei-me a comprar, óbvio. Para minha completa indignação, do rapaz do guichê ao motorista, todos foram bastante grossos comigo.

Dirigi-me ao ônibus. O motorista então foi para a porta dizendo que eu não entraria e quando eu disse que embarcaria de qualquer jeito, ele abriu os braços na tentativa de me empurrar. Só não conseguiu porque meu marido foi mais rápido e impediu-o.

O certo é que entrei, sentei-me no assento que já estava no meu nome. E começou uma sequência de fatos que jamais imaginei vivenciar. Os funcionários começaram a agir com ironia, inclusive deram sugestão para que os demais passageiros fizessem “uma vaquinha” para comprar uma nova passagem para mim. Depois ameaçaram chamar a polícia caso eu não saísse do ônibus. E já perto das 21h, o motorista subiu para dizer que a viagem atrasaria ainda mais, já que havia no ônibus uma moça que não podia viajar porque não tinha passagem. Avisou que o ônibus ia sair, mas ia direto para a garagem, onde os demais passageiros seriam transferidos para outro ônibus e eu ficaria lá dentro daquele até cansar.

Desci para argumentar mais uma vez que eu tinha o direito de viajar. Foi aí que vi os bagageiros fechados e minha mala jogada no calçamento molhado (havia chovido bastante minutos antes), fiquei muito indignada neste momento, porque em minha bagagem havia livros do curso, além de trabalhos que eu deveria entregar na segunda-feira.

Constrangida, indignada e preocupada com os demais passageiros, inclusive com uma criança de colo que já estava impaciente, e com o fato de ter de chegar a São Luís antes das 7h da manhã, acabei adquirindo uma nova passagemEles ainda disseram:

– Viu como é fácil resolver o problema? Agora se achou ruim, entra na justiça!”

Pois é, uma empresa, ainda que não tomada pelos sentimentos mais solidários, deve prezar pela sua imagem. Um funcionário que diz uma frase como essa em destaque não só humilha um consumidor no momento em que a emite, como faz repercutir negativamente a imagem da empresa anos a fio. Com o poder de proliferação da internet e das redes sociais, as empresas deveriam estar cada vez mais preocupadas com o tratamento que dão a quem se utiliza de seus serviços, mas, aparentemente, isso não vem acontecendo na proporção desejada.

O Poder Judiciário é sim a melhor maneira de reparar o dano moral sofrido por essa passageira. Ainda que o lado financeiro não cubra o desrespeito que ela passou, a indenização é a mais adequada resposta que o direito prevê para compensar os transtornos e constrangimentos causados ao consumidor, assim como para a dissuasão de comportamentos anti-sociais e injustos.

São inúmeros os artigos que protegem não só o consumidor, mas qualquer pessoa que se sentir lesada por um ato ilícito. O Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 6°, assegura em seu inciso VI, “a efetiva prevenção e reparação dos danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos”. Também a Constituição Federal, em seu art. 5°, vem proteger o consumidor, assim como o art. 186 do Código Civil:

V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;

X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,  assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

Ou seja, a indenização por danos morais, além de reparar o mal-feito individual da empresa para com o próprio lesado, serve também para evitar que tal companhia cometa as mesmas barbaridades com futuros consumidores.

Não à “ditadura gay”

O caso das críticas que a Lupo tem recebido por conta de supostamente promover “preconceito contra gays” em um comercial de TV com o Neymar (veja aqui) é a prova cabal de que, a continuar como estamos, desembocaremos todos em uma irreversível “ditadura gay”.

(Foto: Reprodução/UOL)

(Foto: Reprodução/UOL)

Não se trata aqui de condenar a orientação de quem quer que seja – embora já haja alguém por aí taxando o blogueiro de homofóbico, com certeza -, mas de preservar, também, quem não é gay.

O comercial da Lupo mostra o atacante do Santos de cueca apresentando pedidos de clientes mulheres numa loja. Só que quando um homem pede para ver a “cueca sexy do Neymar”, ele sai correndo. O cliente, um sujeito musculoso e de voz grossa, nem de longe encarna os ultrapassados estereótipos mais afeminados de homossexuais.

Mas os defensores da causa “partiram pra cima”. Já existe até campanha contra a marca nas redes sociais.

Ou seja: os mesmos homossexuais que gritam por liberdade de orientação sexual, são os mesmos que condenam quem simplesmente não é homossexual. Queriam, provavelmente, que a Lupo apresentasse um Neymar receptivo aos olhares e (por que não?) às apalpadelas de um marmanjo, apenas para mostrar que defende a liberdade. É, ou não é, uma deliberada tentativa de implantar uma “ditadura gay”.

Liberdade, meus caros, tem que ser defendida para todos. E olha que o comercial, repise-se, em momento algum faz qualquer referência à orientação sexual de nenhum dos personagens em cena.