O deputado estadual e pré-candidato do Republicanos à Prefeitura de São Luís, Duarte Júnior, decidiu reagir ontem (1º) a uma série de vazamentos de mensagens de texto e áudios atribuídos a ele – ou a seus aliados – relacionados à campanha de 2018, quando o parlamentar elegeu-se para a Assembleia Legislativa. O caso deixou sua imagem gravemente arranhada, mas ele se diz vítima de manipulação.

Quando o material começou a surgir, ainda no início da segunda quinzena de fevereiro, o Blog do Gilberto Léda tratou do assunto sob o ponto de vista de um contra-ataque de ex-aliados, a partir da saída dele do PCdoB (reveja).

Os vazamentos seguem ainda parecendo obra do entorno do Palácio dos Leões, mas alguns fatos novos no material revelado nos últimos dias mereciam mesmo, no mínimo, um posicionamento público do parlamentar.

Dos diálogos atribuídos a Duarte, sua noiva, Karen Barros, assessores e servidores do Procon-MA e apoiadores, emergiram denúncias de assédio moral contra subordinados no órgão de defesa do consumidor, de gordofobia (veja print no início desta postagem), de tentativa de censura à imprensa, e de homofobia – num áudio atribuído ao deputado ele teria chamado um consumidor de “viado safado” (veja aqui e aqui).

Num dos áudios atribuídos a Duarte que mais ganharam repercussão, o deputado aparentemente reclamava de algum material de campanha em que havia imagens dele atuando dentro do Procon-MA. Ao que tudo indica, ele temia que essas imagens, se fossem usadas como propaganda eleitoral, pudessem causar-lhe problemas, e, por isso, determinou a retirada de uma cena.

O tom dele ao se referir ao assunto e ao se dirigir diretamente a alguém de nome Thiago sugere assédio moral.

“Eu mandei faz mil anos tirar a porra da cena que eu tô dentro da unidade [do Procon?] cumprimentando servidor. Agora tu, Thiago, fica leso aí e não presta atenção no que eu falo. Eu ia postar essa bosta agora. Altera essa cocota aí, cacete. Por favor. Porra!”, disparou o então candidato no suposto áudio.

Apesar de ainda não haver publicado nada sobre o assunto, o próprio Blog do Gilberto Léda tentava há mais de uma semana, via assessoria, ouvir o deputado sobre as graves acusações que pesam contra ele.

Durante todo esse tempo, ele preferiu se manter em silêncio. Só rompido na noite de domingo.

Em postagem no Facebook, depois replicada em outras redes, ele se disse vítima de manipulação.

“Após firmar minha pré-candidatura, ter um partido que me apoia e apresentar forte crescimento nas pesquisas mais recentes, estão divulgando áudios e prints atribuídos a mim, com conteúdos completamente MANIPULADOS e FALSOS”, disse.

Ou seja: alega que pode ter sido vítima das chamada deepfakes, com alteração eletrônica de um áudio para inclusão da sua voz.

O parlamentar acusa a “velha política, que não dialoga com as ideias e propostas para nossa São Luís” e “aqueles que se acham donos do poder” de atuarem contra si. Mas não diz quem são estes.

Segundo ele, as denúncias se baseiam “em mentiras e ataques de baixo nível, que são fortemente intensificados pelas atuais tecnologias de manipulação de informações e outros dados eletrônicos, facilmente acessíveis”.

Nesse caso, só uma perícia isenta para definir qual a verdade: se a dos áudios e prints, ou se a do deputado.