Do Brasil 247
Envolvido em uma crise no setor de segurança, o Maranhão é costumeiramente chamado de Estado mais pobre e mais atrasado do Brasil. O problema é que isso não é verdade. Segundo o último levantamento do IBGE a respeito do crescimento dos PIBs dos Estados, o Maranhão teve um crescimento de 10% em sua economia entre 2011 e 2012, o que o coloca como campeão de crescimento na região Nordeste. Com uma produção de riquezas estimada em R$ 52 bilhões, o Maranhão é, atualmente, a 16ª maior economia do País, bem distante do último colocado, Roraima, cujo PIB está em R$ 6,9 bilhões (tabela abaixo). No quesito PIB per capita, o menor entre todos é o do Piauí.
Antes do salto de 10%, o Maranhão já havia crescido 8,7% entre 2010 e 2011, ficando em segundo lugar entre os Estados que mais cresceram na região Nordeste.
Neste momento, o Maranhão vai sendo apontado como o símbolo pronto e acabado do caos no setor de segurança pública, mas esse privilégio às avessas nem de longe é uma exclusividade. Assim como a ONU, agora, quer uma investigação rigorosa sobre as condições do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, a Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) exige providência imediatas do governo do Rio Grande do Sul em relação ao Presídio Central de Porto Alegre, que já foi considerado o pior do Brasil.
Em matéria de condições carcerárias, de resto, o País como um todo não tem nenhum motivo para se orgulhar.
A tática de queimar ônibus para criar uma situação de insegurança entre a população, infelizmente, também não é utilizada pelo crime organizado apenas no Maranhão. São Paulo, o Estado mais rico da Federação, vive rotineiramente essa realidade. Neste ano, a capital paulista já teve quatro coletivos incendiados em bairros da periferia.
No ano passado, o PCC, nascido nas cadeias paulistas e hoje com presença nacional, promoveu queimas em série no ano passado em São Paulo, combinadas com ataques a postos da Polícia Militar. A situação levou o governo federal a oferecer ajuda ao governo paulista na forma de tropas da Força Nacional de Segurança, mas o governador Geraldo Alckmin recusou a oferta e buscou por seu próprios meios resolver a situação. Não houve nenhuma cogitação de intervenção federal em São Paulo.
No Maranhão, ao contrário, situações semelhantes às vividas pelo Rio Grande do Sul e São Paulo servem para se levantar a hipótese da intervenção. A diferença está, sabe-se, no sobrenome da sua governadora.
Extremamente ligada ao pai, o ex-presidente José Sarney, Roseana Sarney enfrenta hoje um quadro tão complexo quanto o enfrentado por muitos de seus colegas governadores. Mas o peso da marca Sarney faz dela um alvo permanente que, agora, a rebaixa à condição de Judas da vez.
Assim como fez Alckmin no ano passado, Roseana, agora, também procura reforçar, com os meios do Estado, o setor de segurança. Neste sentido, seu governo anunciou prisões entre os líderes da rebelião de Pedrinhas e operou transferências de presos para cadeias federais. A exemplo de Tarso Genro, no Sul, em relação ao presídio de Porto Alegre, também interessa a ela uma investigação em Pedrinhas, para que as condições melhorem e as mortes bárbaras cessem.
Mais do que um espetáculo de achincalhe público, a crise do Maranhão, por complexa, demanda uma nova reflexão com base em dados objetivos e não a aplicação de uma revanche.