AL: novas caras, velhas práticas

Assembléia nem tão nova assim

Que a Assembléia Legislativa do Estado do Maranhão passa por um momento de transição é inegável. Para perceber isto basta dar uma olhada nos rostos dos parlamentares que assumiram mandatos pela primeira vez este ano.

Mas, mais do que de nomes, a Casa tem vivido nos últimos meses uma transição de métodos, de práticas. O ruim, no entanto, é que a transição tem sido para pior.

Nunca se modificou – ou se tentou modificar – tanto o Regimento Interno da AL como nos últimos meses.

Se passarem todas as propostas em voga, haverá pelo menos três mudanças drásticas para o dia-a-dia do Legislativo Maranhense. Nenhuma delas para melhor.

A primeira proposta é de permissão para que deputados suplentes possam presidir comissões técnicas: a chamada “Emenda Tatá”, já que foi pensada, única e exclusivamente, para atender aos interesses do suplente Tatá Milhomem (DEM), parlamentar de alto clero, mas que ficou na “boca da espirradeira”, para usar o popular, nas eleições de 2010.

É para mantê-lo presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Redação Final (CCJ) que os deputados vão aprovar a modificação.

A segunda alteração diz respeito ao quórum mínimo para abertura de sessão.

Atualmente são necessários apenas dois deputados para que os trabalhos sejam iniciados – uma proposta que a ex-deputada Helena Heluy (PT) conseguiu aprovar no apagar das luzes do ano passado. A idéia dos “novos” deputados é aumentar o quórum mínimo para seis parlamentares.

As duas propostas já têm parecer favorável da CCJ de Tatá Milhomem.

Desgaste

Mas a matéria que vai levar mais desgaste à Casa – e já está levando só por ser admitida a sua discussão – é a que visa a modificar o Regimento Interno da Assembléia Legislativa permitindo a mudança de votos dos deputados mesmo após a apreciação das matérias.

Na prática, a medida – anunciada pelo presidente Arnaldo Melo (PMDB) na última quinta-feira (28) – é para permitir que todos os deputados mudem seu voto, antes da entrada em votação da matéria seguinte na mesma ordem do dia.

Um verdadeiro absurdo, como frisou um deputado governista ao blog semana passada.

Como se vê, nem tão nova assim é a composição da nossa Assembléia. As práticas denunciam isso.

Assembléia Legislativa paga já nesta quarta-feira

Presidente Arnaldo Melo: "mão aberta"

Ao contrário do Governo do Estado, que, segundo o secretário Fábio Gondim, pagará o salário do funcionalismo mesmo só dia 29, o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Arnaldo Melo (PMDB), determinou o pagamento dos salários do funcionalismo da Casa já nesta quarta-feira (20).

A medida visa a dar mais tranqüilidade aos servidores durante o feriadão da Semana Santa.

Todo mundo com dinheiro no bolso, o duro é aguentar um mês e dez dias, depois que o dinheiro acabar.

Raimundo Louro articula as pazes entre Cutrim e Arnaldo Melo

Raimundo Louro: o conciliador

O deputado Raimundo Louro (PR) é o artífice de um (ainda) improvável acerto entre o deputado estadual Raimundo Cutrim (DEM) e o presidente Arnaldo Melo (PMDB).

Foi do republicano a iniciativa de tentar uma reconciliação, após a reunião na qual o democrata deu sinais de que não pretende abandonar as trincheiras contra o comando da Casa.

Do lado dos deputados, todos – menos Cutrim – parecem querer colocar “panos quentes” no imbróglio envolvendo a questão das nomeações e gratificações a que cada parlamentar tem direito.

Foi essa a tônica da reunião secreta da última terça-feira (23).

Entre imprensa e sociedade em geral, no entanto, a expectativa é de que o embate continue, principalmente se vier para trazer à tona toda a verdade a respeito do submundo da distribuição de cargos no legislativo.

Mas não apenas nessa legislatura. O que se espera é que sejam revelados dados de todas as administrações.