O Governo do Estado informou ontem (8), por meio de nota emitida pela Comissão Central de Licitação (CCL), o adiamento, “por motivos de ordem administrativa”, das licitações de alimentos que devem abastecer, este ano, o Palácio dos Leões e a Casa de Veraneio. A previsão é de que haja um gasto de mais de R$ 1 milhão com as aquisições.
Mais do que o adiamento, contudo, a governadora Roseana Sarney (PMDB) deveria determinar o cancelamento dos pregões e lançar novos editais, com orçamento menor (muito menor) e tirar da lista algumas iguarias.
Não é razoável que governantes continuem vivendo em condições nababescas em seus palácios – e isso não ocorre só aqui – quando a sociedade exige cada vez mais moralidade e austeridade nos gastos públicos.
Portanto, governadora, cancele a licitação.
E José Reinaldo?
A oposição que hoje “denuncia” a compra – e tenta vinculá-la à crise na segurança, quando os editais já estavam lançados desde o ano passado (basta ver os números dos pregões, nº 070/2013 e nº 071/2013) – o faz apenas por motivos políticos. Isso é fato.
Nunca, em tempo algum, se viu ou ouviu os atuais próceres do anti-sarneyísmo levantando-se contra esse tipo de gasto. E olha que eles já estiveram no poder, com chances reais de aconselhar, por exemplo, o ex-governador José Reinaldo (PSB), hoje aliadíssimo de Flávio Dino (PCdoB).
Quando comandava o estado, o socialista (?) gastara, em 2004, R$ 850 mil com comida e bebida para os palácios governamentais – R$ R$ 276 mil só com buffet de comida japonesa, segundo dados da revista IstoÉ.
Eram os tempo áureos da famosa Leomingo – boate montada dentro do Palácio dos Leões pela ex-primeira-dama Alexandra Miguel, a Grande. Contam habitués das noitadas que as garrafas de Prosecco eram postas para gelar nas banheiras da residência oficial, devidamente cobertas de gelo.
Já em 2006 – o blog não conseguiu encontrar os valores de 2005 -, o gasto subiu para R$ 902 mil, como atestam reportagens de O Estado. Foram R$ 122 mil só com bebidas alcoólicas.
Mesmo assim, o deputado Marcelo Tavares (PSB), sobrinho do ex-governador, teve a coragem de, em 2012, na mesma época em que se discutia esse mesmo tema, propor um projeto proibindo a compra de bebidas alcoólicas pelo Executivo. Pode?
Em verdade, praticamente todos da oposição que criticam os gastos do Governo com comida, deveriam ficar calados, porque não deram um pio quando tinham a oportunidade de opinar decisivamente sobre o assunto.
Já o titular deste blog, que defendia em 2004, 2005 e 2006 o fim desses gastos – quando escrevia ainda para o extinto jornal Veja Agora -, segue com o mesmo posicionamento.
Outros casos
Caso a licitação seja mesmo cancelada pela governadora Roseana, este não será o primeiro caso no Brasil. Em agosto do ano passado o Governo do Piauí cancelou uma licitação de R$ 6,3 milhões para abastecer as casas oficiais do estado. A decisão foi tomada após pressão da imprensa.
Naquele mesmo mês, ignorando o clamor, o Governo do Ceará manteve uma licitação e contratou serviços de buffet ao valor de R$ 3,5 milhões.