Simone Limeira é acusada por Uirauchene Soares de cobrar (e receber) propina para agilizar pagamento de transporte escolar indígena; em nota, Secom diz que assessora do governador “não tem nenhum poder decisório”; mas ela representou o Estado em negociação com índios de Grajaú
Suplente de deputada estadual e virtual candidata a prefeita de Grajaú, a assessora especial do Governo do Estado Simone Limeira (PCdoB) se viu, ontem (20), no meio de uma grave acusação de recebimento de propina, feita pelo líder indígena Uirauchene Soares.
Diz ele ter pago R$ 8 mil (em duas parcelas de R$ 4 mil) para que a comunista viabilizasse a finalização de um processo de pagamento de milhões a uma empresa que presta serviço de transporte escolar indígena em aldeias do Maranhão. A empresa teria ligações com o próprio Uirauchene.
A denúncia foi feita inicialmente no blog do Diego Emir e já replicada em vários outros sites. Ao Blog do Gilberto Léda um advogado da assessora de Flávio Dino (PCdoB) declarou que sua cliente alega que as conversas de Whatsapp repassadas por Uirauchene tiveram trechos suprimidos.
Diz ele, ainda, que Simone não sabia das transferências, estas feitas para uma conta Pessoa Jurídica, que ela quase nunca acessa.
Feito este preâmbulo, passemos à nota oficial da Secretaria de Estado da Comunicação (Secom), que, mais uma vez, parece tentar se antecipar aos fatos e acaba cometendo equívocos – algo parecido com o que foi visto na ocasião da execução de Irialdo Batalha, em Vitória do Mearim (reveja).
No caso da suposta propina, a Secom apressou-se em dizer que “a servidora Simone Limeira não tem nenhum poder decisório sobre a questão do transporte escolar indígena, que tramita na Secretaria de Educação e na Procuradoria Geral do Estado” (leia aqui a íntegra do comunicado oficial).
Ao que parece, o Executivo não confia muito na versão da aliada e já prepara o terreno para, em caso de confirmação do ilícito, escapar ileso do desgaste de mais um escândalo.
Ocorre que a declaração oficial da comunicação do governador Flávio Dino não condiz com os fatos.
Ora, se Simone Limeira “não tem nenhum poder decisório sobre a questão do transporte escolar indígena” por que foi ela a encarregada de negociar com esses mesmos índios, no final do mês de maio, quando servidores da Seduc foram mantidos reféns na Aldeia Apertado/Matusalém, terra indígena Bananal, em Grajaú?
A assessora foi ao local num helicóptero do GTA (imagem acima) e, em entrevista ao Grajaú de Fato, no momento da sua chegada, tratou de mostrar o poder que tinha para resolver os assuntos com os indígenas.
“Estamos aqui representando o governo do povo e do desenvolvimento do Maranhão, para resolver problemas deixados pelo governo passado. São reivindicações da população indígena para melhorar suas condições de vida, entre elas, a abertura de uma escola na Aldeia Bananal”, afirmou.
É claro que Simone Limeira pode ainda ter uma boa explicação para a denúncia que pesa contra ela nesse momento – o blog a procurou ainda na tarde de ontem para tratar do assunto, mas ela disse apenas que não tinha conhecimento do fato. O Governo do Estado, no entanto, parece não acreditar muito nisso, e, ao que tudo indica, já trabalha pensando em como não ter sua imagem arranhada no caso.
Aguardemos os desdobramentos…