Após 16 anos dedicados à Magistratura estadual, Marilse Medeiros deixa de ser juíza titular da Comarca de Lago da Pedra e passa à condição de juíza aposentada. Decisão difícil tomada por uma magistrada aos 54 anos, que ainda teria mais de 15 anos em ascensão na carreira, até tornar-se desembargadora antes de ser alcançada pela compulsória. Em entrevista à AMMA, Marilse revela os motivos que a levaram a se aposentar e os desafios futuros. Leia, abaixo, na íntegra.
Marilse Medeiros – Quando ingressei na Magistratura, em 1998, advinda do serviço público federal e da advocacia, já tinha consciência de que a Magistratura seria um ciclo a ser vivenciado, razão pela qual o encerro com a sensação de dever cumprido.
AMMA – O que a levou a ingressar na Magistratura Estadual?
Marilse – Meu pai foi juiz do Trabalho e, a princípio, tentei a Magistratura trabalhista, pois queria seguir os seus passos. Contudo, o destino me levou para a estadual. E como foi sábio o destino.
AMMA – O fato de estar se aposentando tão jovem significa algum tipo de frustração com a carreira?
Marilse – De forma alguma. As experiências de vida que tive na judicatura levo por toda a minha existência.
AMMA – Como a senhora avalia o perfil do jovem magistrado e o que este diverge dos que ingressaram na sua época?
Marilse – A competitividade hoje me parece mais latente, não que a ache ruim, mas é preciso que o novo magistrado não perca de vista que as amizades que são feitas durante a carreira são muito valiosas na nossa longa caminhada.
AMMA Dos 16 anos dedicados à Magistratura, boa parte foi na luta associativa, quando a senhora esteve na linha de frente de grandes embates travados pela AMMA, tais como o fim do nepotismo, concurso público no Tribunal de Justiça, e também em lutas atuais, a exemplo das eleições diretas para presidentes dos Tribunais. Qual a sua avaliação, valeu a pena?
Marilse – Foram 16 anos de judicatura, sendo que boa parte dedicados também ao associativismo. Só tenho a agradecer aos colegas, pois ao ingressar no associativismo me tornei uma pessoa melhor. Aprendi a pensar e agir de forma plural, experiência que estou levando para onde eu for. Se fosse possível voltar o tempo faria tudo de novo, pois sozinho não conseguimos mudar muita coisa, mas juntos, somos capazes de transformar o que a principio parecia intransponível.
AMMA – Longe da Magistratura, quais são os seus planos futuros? Pensa em trilhar por novas carreiras, como a advocacia?
Marilse – Não penso em trilhar novas carreiras ou retornar para a advocacia, mas me coloco à disposição da Associação dos Magistrados do Maranhão para sempre combater o bom combate. Sempre digo aos colegas que a AMMA é a extensão de nossa casa, e esse sentimento sempre esteve comigo por todos esses anos de magistrada.
AMMA – E na política associativa, haverá um espaço reservado mesmo na condição de juíza aposentada?
Marilse – Com certeza, sempre que for convocada!
AMMA – Que lição de vida a senhora leva da Magistratura e que conselho dá aos novos e futuros juízes?
Marilse – Aprendi muito com os jurisdicionados, com os colegas mais experientes e agradeço a todos pelos ensinamentos. Quanto ao conselho aos novos magistrados, que não sejam tragados pela busca de uma produtividade insana, pois em primeiro lugar está fazer justiça.
(As informações são da AMMA)