Na tarde de ontem (2), horas depois de este blog revelar que a Fundação Municipal de Cultura (Func) deixara de fora da programação oficial do São João de São Luís o Bumba-Meu-Boi da Maioba (releia), o titular da pasta, Marlon Botão (PT), fez publicar na página da Prefeitura um release informando que a escolha das brincadeiras para as festas juninas da capital deu-se por critérios técnicos.

Para justificar a ausência de uma das mais tradicionais brincadeiras juninas do Maranhão, ele ressaltou que o objetivo do concurso de projetos, por edital, foi uma forma de evitar “apadrinhamento e clientelismo”.

“Estamos procurando aplicar no desenvolvimento de todas as políticas dentro da fundação esta estratégia de edital porque é uma forma de democratizar, de transparecer e aplicar devidamente os recursos públicos, seguindo orientação do prefeito Edivaldo. Esse processo busca evitar apadrinhamento e clientelismo nos projetos culturais realizados na capital”, disse o petista.

Muito bem.

O problema é que o mesmo Marlon Botão parece não se ter preocupado tanto assim com o fim do “apadrinhamento e clientelismo” quando da montagem da passarela do samba, no início do ano, no Anel Viário.

Ele nunca conseguiu explicar direito – na verdade, sempre que tentou acabou se enrolando mais e mais – como é que uma empresa estava montando a estrutura da passarela mesmo antes da licitação (reveja).

Segundo denúncia de O Estado, no mesmo horário em que estava marcado o pregão para a escolha (?) da empresa, a Construmaq já montava toda a estrutura, que chegara muitas horas antes ao local do descarregamento.

Detalhe: depois de já iniciados os trabalhos, Marlon dava entrevista ao jornal, informando que os envelopes haviam sido abertos e que, qual um passe de mágica, era a Construmaq a vencedora.

Botão ainda disse que três empresas participaram do pregão.

A ata do certame o desmentiu: apenas a Construmaq apareceu para retirar o edital de licitação. E ainda com registro irregular no Crea. Messmo assim, o presidente da Func deu a ordem de serviço.

“Estamos fazendo isso para garantir a celeridade, mas sem ferir nenhum dos princípios legais que a licitação exige”, declarou ele em entrevista a O Estado na ocasião.

Tudo para evitar “apadrinhamento e clientelismo”, não é mesmo?

Abre o olho, Edivaldo!

Essa eu sinceramente não acredito que seja de conhecimento do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC).

A Fundação Municipal da Cultura (Func) de São Luís, comandada pelo petista Marlon Botão, divulgou ontem (1º) a relação das brincadeiras que irão se apresentar durante o São João da capital.

E, dentre os 80 grupos de Bumba-Meu-Boi selecionados (vejam só!) não está o Boi da Maioba.

Isso mesmo: o Boi da Maioba está fora

Nada contra todos os que foram selecionados – cada um dá, a sua maneira, uma contribuição para a cultura maranhense. Mas imaginar um São João em São Luís sem o Boi da Maioba, uma das referências do gênero, é surreal.

Segundo os critérios da Func, o Boi da Maioba ficou apenas 133º lugar na seleção de propostas, que avaliou “portfólio ou currículo artístico com notícias e fotos sobre o grupo, texto descritivo sobre a história e relevância do grupo para a cultura maranhense, CD ou DVD com algum registro, repertório musical coerente com as propostas de show musical, entre outros requisitos que constavam em edital de seleção”, de acordo com nota da Prefeitura. Como eram apenas 80 vagas, o grupo ficou de fora.

Brincadeiras como o Boi da Maioba, de Maracanã, de Axixá, de Morros, de Nina Rodrigues e Cacuriá de Dona Teté (perdão se esqueci algum de igual expressão) não deveriam sequer entrar em concurso de projetos.

A presença delas nas festas juninas apenas acrescenta aos arraiais. Engrandece, na verdade.

Portanto, fica a certeza de que o prefeito Edivaldo Júnior não vai deixar um dos maiores bois do estado de fora do maior São João do Maranhão.