![Raimundo Cutrim: em causa própria?](https://gilbertoleda.com.br/wp-content/uploads/2011/07/raimundo_cutrim.jpg)
O desembargador aposentado Raimundo Cutrim, presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Maranhão durante a eleição de 2010, considerou “absurda” a acusação do presidente da Embratur, Flávio Dino (PCdoB), de que a Corte teria fraudado aquele pleito “na calada da noite” (reveja).
“Essa é uma das declarações mais absurdas que eu já pude ouvir. As eleições de 2010 foram tão tranquilas que eu recebi até elogios por isso. Não houve problema algum nos municípios, muito menos na totalização de votos. É um absurdo essa declaração”, disse ontem (26), em entrevista a O Estado.
Segundo Cutrim, não há elementos que sustentem as acusações do comunista. “Eu lamento profundamente que o ex-deputado federal tenha agido desta forma. O Flávio Dino sabe que não houve fraude na eleição, isso é até impossível. O TRE apenas totaliza os votos dos eleitores armazenados em cada urna eletrônica. A urna é o equipamento mais seguro hoje e até copiado em alguns países, e garante a segurança total do pleito. Lamento muito que ele tenha atacado o TRE”, completou.
Protagonista de um bate-boca com Dino dentro do TRE na eleição do ano passado (veja aqui), o juiz Sérgio Muniz, que também integrava a Corte há três anos, foi mais duro. Disse que a declaração do pré-candidato oposicionista ao Governo do Estado foi “irresponsável”.
![dino_muniz](https://gilbertoleda.com.br/wp-content/uploads/2012/10/dino_muniz.jpg)
Flávio Dino e Sérgio Muniz bateram boca no TRE em 2012
“Não houve fraude nenhuma, a eleição de 2010 foi uma das mais limpas da história. Ou seja, essa é uma declaração irresponsável de uma pessoa desequilibrada, que é o que ele vem mostrando ser”, afirmou.
Mais cedo, o atual presidente do Tribunal recusou-se a tecer comentários sobre o assunto. Acionado pelo blog, ele disse não se sentir ofendido pelo discurso de Dino e acrescentou que “quem estava presente na composição do TRE àquela época é que deve se manifestar”.
“Quem se sentir ofendido é que deve se pronunciar. Eu entrei no TRE em dezembro de 2011, e a eleição de que eu participei não teve nenhum problema, não teve nada conosco, apesar de ser uma eleição municipal e muito disputada em todo o estado”, comentou.
As acusações de Flávio Dino
Em discurso durante o encontro regional do PDT em Imperatriz, no sábado (23), Flávio Dino afirmou que a diferença de 0,08% dos votos válidos que garantiu a vitória da governadora Roseana Sarney (PMDB) no 1º turno foi “decretada na calada da noite” na Corte Eleitoral.
“Nós ganhamos a eleição, porque foi decretado fraudar a eleição no Tribunal Regional Eleitoral, na calada da noite, para conseguir uma diferença de oito centésimos. Oito centésimos, que parece coisa de corrida de Fórmula 1. Oito centésimos, que é menos que um décimo, dois mil votos, nos separaram do 2º turno”, acusou.
Dino falou ainda em “jogo de cartas marcadas” no TRE. “O Marco Aurélio [advogado], que está aqui, lembra junto comigo do que nós enfrentamos no TRE do Maranhão. Lembra do jogo de cartas marcadas que estava ali colocado”, afirmou.
Sérigio Muniz também contesta esses dados. “Ele [Flávio Dino] deveria saber que a totalização de votos ocorreu antes de meia-noite. É completamente falaciosa a declaração dele. Outra coisa, se a urna é eletrônica, a eleição é eletrônica e o tribunal só estava totalizando, ou seja, recebendo os dados da urna, é impossível a existência de uma fraude”, completou.
Sérgio Muniz também estranhou a extemporaneidade da manifestação do comunista. “Se ele achava que tinha havido alguma mácula no resultado da eleição, caberia a ele adotar as medidas judiciais cabíveis. Ele não diz que é jurista? Ele entrou com um questionamento na época completamente descabido, questionando a votação após as 17h. Foi ouvido no tribunal, o processo foi arquivado e que eu saiba ele não tomou recursos”, finalizou.