Classe política está fora de sintonia

A classe política maranhense parece ter entrado em colapso nos últimos meses. Em praticamente todas as esferas há embates que desgastam a categoria e colaboram para arranhar a já tão desgastada imagem dos homens públicos do nosso estado.

Em nível estadual, as maiores disputas se dão em torno da Mesa Diretora da Assembléia Legislativa. Parece já haver um consenso sobre a Presidência, que deverá mesmo ser ocupada por Ricardo Murad (PMDB).

Pelos demais cargos, no entanto, a briga é intestina. Não há acordo entre os partidos da base aliada e a pendenga pode acabar sendo decidia no voto, dia 1º de fevereiro.

Na oposição, a coisa também não anda nada bem. PSDB, PSB e PC do B não conseguiram se entender sobre quem lidera o bloco e o resultado é que o grupo acabará esfacelado em dois mini blocos: um comandado pelos tucanos, o outro – ainda menor -, pelos socialistas.

Verdadeira demonstração de imaturidade política dos deputados.

Na esfera municipal, é a disputa pela FAMEM o pomo da discórdia. Junior Marreca e Zé Mário não abrem mão das candidaturas, e nem mesmo a intervenção do Governo do Estado foi suficiente para que se chegasse a um consenso.

O resultado é o entrincheiramento dos prefeitos em duas linhas ofensivas bem definidas, o que pode deixar marcas indeléveis no relacionamento institucional para os próximos dois anos.

A capital também não passa incólume. O prefeito João Castelo já começa a pensar nas eleições de 2012 e, para isso, tem atropelado lideranças importantes do PDT na tentativa desesperada de garantir o apoio do partido a sua reeleição.

Não há uma conversa mais bem definida sobre o assunto. A estratégia do prefeito tem sido convidar “aliados” pedetistas para compor o governo, mesmo sem consultar os caciques do partido.

Dizem que o próprio Jackson Lago já se mostrou incomodado com a ofensiva tucana e já ameaça lançar candidatura própria, só para contrariar Castelo. Imaturidade pura.

São exemplos claros que mostram como a classe política maranhense parece fora de sintonia.

Marcos Caldas e César Pires vetados na Mesa Diretora da AL

Marcos Caldas: vetado pela governadora

Os deputados Marcos Caldas (PRB) e César Pires (DEM) começam a perder espaço na disputa pela Mesa Diretora da Assembléia Legislativa.

Sem a intervenção do virtual presidente, Ricardo Murad (PMDB) – que já declarou aceitar o que os partidos decidirem –, os parlamentares vão se arrumando como podem, e os dois parecem ter sido vetados na nova composição, segundo afirmam fontes do blog.

Nessa briga, quem ganhou espaço nos últimos dias foram Carlos Filho (PV) e Jota Pinto (PR). O primeiro porque vê Caldas, seu principal adversário político na Região do Baixo Parnaíba, perder terreno; o segundo porque pode acabar sendo o indicado dos novatos para a 3ª Vice-Presidência ou mesmo coisa melhor – atualmente ele é cotado para a 3ª Secretaria.

Os interlocutores do blog garantem que Caldas foi vetado pela própria governadora Roseana Sarney (PMB).

César Pires: abalado

A situação de César Pires também é difícil. Depois que Stênio Rezende (PMDB) levantou a polêmica sobre as vagas que cabem ao PMDB, o democrata ficou visivelmente abatido e parece ter saído da jogada.

Pires perdeu bastante espaço dentro do governo e pode acabar saindo da Mesa – aqui também por restrições do núcleo duro.

O curioso é que, nesse caso, Stênio pode acabar de fora. Quem assumiria a vaga seria Arnaldo Melo (PMDB).

Stênio Rezende agora quer vaga na Mesa e pode melar acordo até com a oposição

Stênio quer vaga que seria de César Pires

Já estava tudo certo entre governo e oposição para a composição da Mesa Diretora da AL. Mas eis que o deputado Stênio Rezende (PMDB) entrou na disputa e pode melar o acordo que daria ao DEM – mais especificamente ao deputado César Pires – a 1ª Vice-Presidência, como conta o jornalista Jorge Aragão em seu blog.

Stênio argumenta que o PMDB não pode se sentir contemplado com Ricardo Murad (PMDB) na Presidência, uma vez que ele é consenso e contemplaria, na verdade, todos os parlamentares.

Com isso em mente, o peemedebista requer para si a 1ª Vice ou a 1ª Secretaria. César Pires está mordido e diz que até a última reunião, ainda esta semana, a vaga estava garantida para o DEM; a 1ª Secretaria seria do PV.

Mas a movimentação de Stênio Rezende não mexe só com o governo. A oposição, que pelo acerto inicial teria três vagas na Mesa, pode acabar com apenas duas. Neto Evangelista (PSDB) e Cleide Coutinho (PSB) devem permanecer na composição. Graça Paz (PDT) dançaria.

Rezende saiu-se com bom humor, nesta quinta-feira (6), quando questionado pelo blog sobre o fato de que César Pires já estava praticamente certo na 1ª Vice-Presidência.

“Eu posso querer o céu e as estrelas. O problema é saber se isso é possível”, disse.

Isso ainda vai dar confusão.

Deputados novatos desencadeiam crise de ciúmes na “ala experiente” da AL

O clima anda cada vez mais quente na Assembléia Legislativa. As movimentações do grupo de 10 novos deputados – que pretendem a todo custo ter voz nas decisões sobre a Presidência da Casa – gerou um ciumeira desenfreada na “ala experiente”.

Formado, em tese, por cinco deputados que em 2011 terão mais de três mandatos consecutivos – Arnaldo Melo (PMDB), Hélio Soares (PP), Rigo Teles (PV), Camilo Figueiredo (PDT) e Stênio Rezende (PMDB) – o grupo já ameaça tomar medidas retaliatórias contra os novatos.

Entre essas medidas, estaria aprovar uma emenda ao Regimento Interno da Casa, permitindo a reeleição e, automaticamente, possibilitando a ampliação para quatro anos do mandato do presidente eleito para o próximo biênio.

Seria uma forma de impedi-los (os novatos) de alçar vôos mais altos com vistas ao comando do Legislativo no segundo biênio.

De acordo com um deputado ouvido pelo blog, a emenda já estaria pronta. “Já está prontinha. Se eles se assanharem muito, nós aprovamos essa emenda e acabamos com isso”, afirmou.

Movimentações

Segundo esse mesmo parlamentar, as movimentações dos “noviços rebeldes” são audaciosas. Nos bastidores, eles já teriam convidado o deputado Hélio Soares para responder como líder do que pode vir a ser um bloco isolado na próxima legislatura.

“Ele [o deputado Hélio Soares] não aceitou. Mas foi muito assediado pelos novatos”, completou.

A coisa anda tão feia que, ainda nesta terça-feira (16), a “ala experiente” terá uma reunião definitiva para tratar do assunto. Estarão presentes os cinco parlamentares. Ao que tudo indica, vai sobrar para os “calouros”.