Do Jornal do Brasil
O jornal espanhol El País publicou nesta sexta-feira uma entrevista com o deputado (SIC) brasileiro e ex-presidente José Sarney. A publicação descreveu o político como “pai de uma transição democrática com os militares, e não contra eles”.
Na entrevista, Sarney chamou atenção para os avanços econômicos e sociais no Brasil, acrescentando se tratar de preocupações que começaram em seu governo. Por outro lado, criticou o pequeno progresso no terreno político, que tornaria difícil a formação de partidos nacionais. Neste sentido, defendeu uma reforma política, como fim do voto proporcional e uninominal e o combate à “proliferação de pequenos partidos parasitas”, que teriam interesses locais e estariam sempre buscando comercializar seu apoio. “Ou reforma, ou revolução”, opinou. O ex-presidente também criticou o sistema constitucional, estrutura que chamou de “quase anárquica”, e afirmou que o país deveria adotar um regime parlamentar. Ele ainda classificou como preocupante a falta de lideranças.
Em relação à economia, Sarney garantiu que a indústria foi modernizada e que o Brasil se internacionalizou. Entretanto, apontou que o crescimento “começou a se esgotar” por não ter a quantidade necessária de investimentos para modernizar a infraestrutura atrasada e nem os recursos para atender às exigências da classe média.
Quanto à política internacional, o deputado destacou que o Mercosul está paralisado e que o país “tem vivido de costas para a América Latina”. Perguntado sobre a situação crítica na Venezuela, Sarney disse que é “parte da hipoteca da Guerra Fria e das contorções da liberdade”. Completou assegurando que “no Brasil não há nenhum perigo de contágio do populismo bolivariano”.
Quando o Maranhão entrou na conversa, o ex-presidente ressaltou que “tudo o que significa criticar o Maranhão significa atacar o Sarney”. Segundo ele, é um estado paupérrimo, mas cresceu 15% em 2013, recebeu grandes obras de infraestrutura e conta com o segundo porto mais importante do Brasil.
O El País o perguntou, por fim, se ele seria novamente candidato ao Senado. Sarney sorriu e respondeu que”pessoalmente, preferiria descansar”. O jornal afirma ter ficado implícito que o político “voltará a arena”.