Usuários depredaram ônibus na sexta-feira após paralisação / Foto: Biné Morais
A paralisação dos rodoviários ocorrida na tarde-noite de sexta-feira (6) revelou o quanto o sistema de transporte coletivo de São Luís está mergulhado em crise. À medida que o fato, que surpreendeu a cidade, foi ganhando esclarecimento, ganhou forma uma realidade que todos já suspeitavam, mas que ainda não tinha se configurado: o caos, causado pela completa falta de autoridade e de controle do sistema em todos os seus aspectos e níveis.
Alguns fatos são reveladores. 1 – Na manhã de sábado, o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Dorival Silva, passou boa parte da manhã nas emissoras de rádio tentando explicar o inexplicável. Mas o que ficou claro é que ele e a entidade estão perdendo o controle da situação, já que, sem a sua anuência e sem nenhuma tomada de decisão prévia, alguns rodoviários resolveram cruzar os braços em pleno horário de pico, revoltando a população. Infernizaram a vida da cidade por algumas horas e ficou por isso mesmo.
2 – Ontem, a Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMTT), numa tentativa de tirar carta de seguro, divulgou nota dizendo também que não foi comunicada. Afirma que mantém diálogo com rodoviários e empresários e que foi essa postura que evitou greve na data-base e a manutenção das tarifas sem aumento. Confirma que cumpriu a exigência do TAC de repassar aos empresários “verba indenizatória” (R$ 6 milhões). E garante que, mesmo não tendo sido informada da greve-relâmpago, vai continuar dialogando. Ou seja, admite que rodoviários não lhe dão menor importância, como já começam a não dar aos empresários e aos chefes do sindicato.
3 – São episódios como o de sexta-feira que desmoralizam gravemente o sistema municipal de transporte coletivo e fortalecem perigosamente os filhos bastardos do sistema, como o táxi-lotação, que sem zoada, mas de maneira ostensiva e até agressiva, vai se multiplicando e ocupando espaços proibidos. Ganha assim o status de fato consumado, tirando da Prefeitura o poder de, pelo menos, discipliná-lo, já que, impotente, não pode mais extingui-lo. É isso aí. Rigorosa e efetivamente.
Da coluna Estado Maior, de O Estado