Terceirização em presídios do MA é herança de Jackson Lago

Mais uma revelação feita hoje (9) pela imprensa que ajuda a oposição a politizar a crise carcerária no Maranhão acabou jogando por terra muitos dos argumentos dos anti-sarneystas locais.

Em entrevista ao Estadão, o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Maranhão (Sindspem), Antonio Portela, disse que a terceirização de pessoal nos presídios do estado são uma herança, vejam só, do ex-governador Jackson Lago (PDT).

Isso mesmo! O pedetista, que passou dois anos e quatro meses á frente do executivo estadual inaugurou, de acordo com o presidente do Sindspem, um novo modelo de gestão prisional.

Foi Jackson quem transformou as carceragens da Polícia Civil em unidades do sistema penitenciário.

“Como essas carceragens funcionavam em delegacias no interior do Estado, muitos agentes penitenciários que atuavam no Complexo de Pedrinhas, na capital, foram deslocados para essas regiões”, afirmou Portela, explicando os motivos que levaram a gestão jackista a contratar empresa fornecedora de mão-de-obra para realizar a segurança nos presídios.

São dados que mostram que a origem do problema é antiga e que não adianta tentar arranjar um culpado apenas, depois que a boma estoura. Tem muita gente hoje na oposição que já foi governo, e que não mudou muita coisa quando passou pelo Palácio dos Leões, que o diga o advogado Sálvio Dino Júnior, secretário de Direitos Humanos de Jackson Lago justamente nesse período.

Malhar os Sarney resolve a crise no Maranhão?

Do Brasil 247

247Envolvido em uma crise no setor de segurança, o Maranhão é costumeiramente chamado de Estado  mais pobre e mais atrasado do Brasil. O problema é que isso não é verdade. Segundo o último levantamento do IBGE a respeito do crescimento dos PIBs dos Estados, o Maranhão teve um crescimento de 10% em sua economia entre 2011 e 2012, o que o coloca como campeão de crescimento na região Nordeste. Com uma produção de riquezas estimada em R$ 52 bilhões, o Maranhão é, atualmente, a 16ª maior economia do País, bem distante do último colocado, Roraima, cujo PIB está em R$ 6,9 bilhões (tabela abaixo). No quesito PIB per capita, o menor entre todos é o do Piauí.

Antes do salto de 10%, o Maranhão já havia crescido 8,7% entre 2010 e 2011, ficando em segundo lugar entre os Estados que mais cresceram na região Nordeste.

Neste momento, o Maranhão vai sendo apontado como o símbolo pronto e acabado do caos no setor de segurança pública, mas esse privilégio às avessas nem de longe é uma exclusividade. Assim como a ONU, agora, quer uma investigação rigorosa sobre as condições do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, a Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) exige providência imediatas do governo do Rio Grande do Sul em relação ao Presídio Central de Porto Alegre, que já foi considerado o pior do Brasil.

Em matéria de condições carcerárias, de resto, o País como um todo não tem nenhum motivo para se orgulhar.

A tática de queimar ônibus para criar uma situação de insegurança entre a população, infelizmente, também não é utilizada pelo crime organizado apenas no Maranhão. São Paulo, o Estado mais rico da Federação, vive rotineiramente essa realidade. Neste ano, a capital paulista já teve quatro coletivos incendiados em bairros da periferia.

No ano passado, o PCC, nascido nas cadeias paulistas e hoje com presença nacional, promoveu queimas em série no ano passado em São Paulo, combinadas com ataques a postos da Polícia Militar. A situação levou o governo federal a oferecer ajuda ao governo paulista na forma de tropas da Força Nacional de Segurança, mas o governador Geraldo Alckmin recusou a oferta e buscou por seu próprios meios resolver a situação. Não houve nenhuma cogitação de intervenção federal em São Paulo.

No Maranhão, ao contrário, situações semelhantes às vividas pelo Rio Grande do Sul e São Paulo servem para se levantar a hipótese da intervenção. A diferença está, sabe-se, no sobrenome da sua governadora.

Extremamente ligada ao pai, o ex-presidente José Sarney, Roseana Sarney enfrenta hoje um quadro tão complexo quanto o enfrentado por muitos de seus colegas governadores. Mas o peso da marca Sarney faz dela um alvo permanente que, agora, a rebaixa à condição de Judas da vez.

Assim como fez Alckmin no ano passado, Roseana, agora, também procura reforçar, com os meios do Estado, o setor de segurança. Neste sentido, seu governo anunciou prisões entre os líderes da rebelião de Pedrinhas e operou transferências de presos para cadeias federais. A exemplo de Tarso Genro, no Sul, em relação ao presídio de Porto Alegre, também interessa a ela uma investigação em Pedrinhas, para que as condições melhorem e as mortes bárbaras cessem.

Mais do que um espetáculo de achincalhe público, a crise do Maranhão, por complexa, demanda uma nova reflexão com base em dados objetivos e não a aplicação de uma revanche.

Onu mostra preocupação com “terrível estado das prisões no Brasil”

pedrinhasO Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos mostrou hoje (8), em comunicado oficial, preocupação com o “terrível estado das prisões no Brasil”.

A nota foi emitida em resposta ao jornal Folha de S. Paulo, que pediu opinião da entidade sobre a situação carcerária no Maranhão. O diário paulista publicou esta semana um vídeo feito pelos próprios detentos logo após uma série de decapitações dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas.

“Lamentamos ter que, mais uma vez, expressar preocupação com o terrível estado das prisões no Brasil e apelar às autoridades a tomar medidas imediatas para restaurar a ordem na prisão de Pedrinhas e em outras prisões pelo país, bem como para reduzir a superlotação e oferecer condições dignas para pessoas privadas de liberdade”, diz a nota.

Claramente instigado pela oposição maranhense ao grupo Sarney, o jornal tentou atingir apenas o Maranhão. Mas a nota do Alto Comissariado é clara ao tratar a questão não só de forma local, mas nacional.

A entidade pende, ainda, “investigações imediatas, imparciais e efetivas” dos eventos ocorridos em na prisão ludovicense.

“Pedimos que as autoridades brasileiras conduzam investigações imediatas, imparciais e efetivas sobre esses eventos, processem os responsáveis e tomem as medidas apropriadas para colocar em vigor o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura promulgado no ano passado”, declarou o Alto Comissariado.

Veja a íntegra da nota:

“Ficamos perturbados ao tomar conhecimento das conclusões do recente relatório do Conselho Nacional de Justiça, revelando que 59 detentos foram mortos em 2013 no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão, assim como com as últimas imagens de violência explícita entre os presos.

Lamentamos ter que, mais uma vez, expressar preocupação com o péssimo estado das prisões no Brasil e instamos as autoridades a tomarem medidas imediatas para restaurar a ordem na Penitenciária de Pedrinhas e outros centros de detenção em todo o país, bem como para reduzir a superlotação e oferecer condições dignas para as pessoas privadas de liberdade.

Pedimos também as autoridades brasileiras que realizem uma investigação imediata, imparcial e efetiva sobre os acontecimentos, que julguem as pessoas consideradas responsáveis e que tomem todas as medidas adequadas para urgentemente colocar em operação o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura promulgado no ano passado.”

Vídeo do CNJ a Joaquim Barbosa estava há 795 dias na Internet

videoAs imagens de um homem rolando no chão com a perna direita completamente dilacerada deram o tom ao relatório entregue ao presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Joaquim Barbosa, pelo juiz maranhense Douglas Martins.

Por quatro dias, o vídeo circulou em redes sociais como sendo de um interno do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís. A TV Folha chegou a publicar as imagens em seu site (veja aqui), também como se fosse de um detento. “Preso é dissecado vivo em presídio do MA”, diz a manchete.

O secretário de Estado de Justiça e Administração Penitenciária, Sebastião Uchôa, revelou no sábado (28) que já tinha indícios de sua falsidade (reveja). No domingo (29), o próprio Douglas Martins admitiu que não tinha certeza da veracidade das imagens (aqui).

Na segunda-feira (30), no entanto, descobriu-se toda a verdade: o vídeo  é o registro de um acidente automobilístico ocorrido longe do Brasil, há pelo menos 795 dias (veja na imagem acima, que marca a data em que o vídeo foi postado. A captura da tela foi feita ontem).

A Polícia Civil, agora, investiga quem disseminou as imagens como sendo de um interno de Pedrinhas. Segundo o que já foi apurado, o agente penitenciário Raimundo Francisco Sales, aliado do presidente do Sindicado da categoria, César Bombeiro, foi quem copiou o vídeo da Internet e o passou adiante com o propósito de armar o escândalo contra o sistema prisional.

O blog apurou que Sales já depôs sobre o caso perante testemunhas, mas negou-se a assinar as suas declarações.

Além do vídeo, Uchoa salienta, ainda, outras “impropriedades” no relatório que ganhou as páginas dos jornais no fim de semana.

“Quando o juiz diz que foi impedido por líderes de facções de entrar em determinadas áreas da penitenciária, ele também faltou com a verdade. Na realidade, ele foi aconselhado pelos diretores da penitenciária a não fazer aquilo naquele momento, que também era o de visita de familiares. Os detentos não gostam de intromissão quando estão recebendo os parentes. Foi só um conselho que ele acatou. Não teve nada de proibição imposta por detentos”, assegurou.

Esse caso ainda vai render…

Em tempo: heavy-r.com é o site norte-americano que hospeda o vídeo há 759 dias. Já o issoebizarro.com é o site brasileiro que hospeda o mesmo filme desde o dia 1º de março de 2013.

Atuação da PM leva tranquilidade a presídios de São Luís

Foto 4 - PM nos presidios - fotoAscom-Sejap  Nilson FigueredoA Secretaria de Estado de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap) informa que, desde o início da atuação dos militares, nesta sexta-feira (27), o clima está sendo de tranquilidade nos estabelecimentos prisionais da Região Metropolitana de São Luís. A presença dos policiais também alterou alguns procedimentos da rotina interna das unidades. As vistorias nas celas estão sendo feitas com mais frequência e as medidas de segurança estão ainda mais rigorosas. Além disso, para reforçar a segurança noturna, a cavalaria da Polícia Militar fará rondas constantes nos presídios.

A ação está sendo coordenada pela Diretoria de Segurança dos Presídios do Maranhão, criada por determinação da governadora Roseana Sarney, para reforçar a segurança interna nos estabelecimentos penitenciários. O novo departamento, que está sob o comando de um oficial da Policia Militar, passa a integrar o organograma funcional do sistema carcerário, reforçando o trabalho já realizado pelas Diretorias Geral e Administrativa.

A Diretoria de Segurança também está intensificando o trabalho já desenvolvido pelo Grupo Especial de Operações Penitenciárias (Geop) e por homens de empresa especializada que prestam serviço nas unidades.

Medidas

Essa é mais uma medida do Governo do Maranhão, por meio das Secretarias de Estado de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap) e de Segurança Pública (SSP), para devolver a normalidade ao sistema prisional do estado, assegurando os direitos e a integridade de seus usuários.

Uma Comissão de Investigação, criada logo após as denúncias feitas  pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), também está acompanhando os trabalhos nos presídios.

Por meio do Programa Viva Maranhão, o governo está investindo recursos da ordem de R$ 131 milhões na construção e reaparelhamento do Sistema Penitenciário do estado. Com esse valor, as unidades receberão armamentos, portais detectores de metal,  esteiras de Raio-X, estações de rádio, coletes, algemas e veículos.

O sistema prisional terá o reforço de 7 (sete) novos presídios nos municípios de Pinheiro, Brejo, Santa Inês, Timon, São Luís, Riachão e Coroatá. Outros dois presídios, construídos com recursos do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN-MJ) nos municípios de Imperatriz e São Luiz Gonzaga, estão com aproximadamente 80% dos serviços concluídos.

Em Balsas, Pedreiras, Açailândia, Coroatá e Codó, as unidades prisionais tiveram recursos do Tesouro Estadual destinados para a reforma e ampliação. Nessas unidades, os processos estão em fase de expedição de documentação fundiária e de licença ambiental para a realização de processo licitatório. O Centro de Detenção de Pedrinhas (Cadet) tem 80% da obra já concluída.

O Governo do Maranhão reafirma que sempre agiu em conjunto com todos os setores que atuam na defesa dos direitos humanos, e daqueles que promovem a garantia da justiça e segurança.

(As informações são do Governo do Estado)

Desembargador do CNJ defende intervenções nos presídios do RS, RN e MA

De O GlobocnjComo o senhor avalia o anúncio de que o Regime Diferenciado de Contratações (RDC) poderá ser usado para construir presídios?

Esse é um sinal de que o governo federal está se preocupando com o sistema penitenciário, mas é a adoção de uma medida paliativa. O RDC ajuda porque vai dar maior agilidade à contratação de construção de presídios, vai dar mais flexibilidade. Mas é uma medida que vai ter efeito a longo prazo. E esse efeito, quando vier, talvez já chegue defasado. O que temos percebido, no âmbito federal ou estadual, é resistência a ações que solucionem mais rapidamente pontos como condições de insalubridade das unidades, separação dos detentos e concessão de benefícios. Poderiam se planejar e realizar ações para melhorar serviços prestados dentro dos presídios. Mas os governos não têm controle do sistema prisional atual.

Um exemplo seria o Maranhão.

Sim. Lá, o CNJ enviou ofício ao estado, além do relatório entregue ao ministro Joaquim Barbosa (que preside o Supremo Tribunal Federal e o CNJ).

Seria o caso de uma intervenção lá?

O CNJ não tem poder de decretar intervenção num estado, quem tem esse poder é o Supremo. Tem de haver uma ação da Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo essa intervenção, e isso segue para decisão do Supremo. A PGR pode basear essa ação nesse nosso ofício ao estado, por exemplo, se o que recomendarmos ao governo estadual não for atendido. Outra situação crítica é no Presídio Central de Porto Alegre, onde o caso foi denunciado à OEA (Organização dos Estados Americanos); ali, pela falência do poder público, o Brasil pode, sim, vir a ser condenado na OEA. E talvez seja uma forma de se chegar a uma solução; no caso da Lei Maria da Penha, por exemplo, essa lei só veio após condenação do tipo. No Espírito Santo, por volta de 2008, foi denunciado que havia presos em contêineres; só depois que se chegou a esse fundo do poço é que o sistema lá começou a melhorar.

Já houve alguma intervenção federal desse tipo no país?

Em relação ao sistema prisional, acredito que não. E, na minha avaliação, há três estados onde já deveria ter havido uma intervenção federal no sistema penitenciário há muito tempo: Maranhão, Rio Grande do Sul e Rio Grande do Norte, também crítico, este ano teve rebeliões e fugas com mortos. E na pior rebelião no Maranhão este ano, o que houve? A capital parou, lojas fechando, com os boatos de arrastão. Há ordens de crimes vindas de dentro da cadeia. O problema prisional não é só do detento e de sua família, é da sociedade.

Como seria uma intervenção do tipo?

Quem passa a gerir o sistema estadual é o governo federal. Triagem de presos, revisão de benefícios, tudo passa para administração e responsabilidade federal.

Além de intervenção, quais outras medidas urgentes podem ser tomadas?

Mudanças no Fundo Penitenciário, por exemplo. Hoje, há um valor de aproximadamente R$ 1,2 bilhão reservado para melhorias e principalmente construção de unidades prisionais. Mas, desde que o Fundo foi criado (em 1994), nem um terço foi utilizado, liberado. É dinheiro subutilizado. Um dos motivos são as exigências rígidas do governo federal aos estados para liberar o recurso, como já possuir um terreno para a unidade e, principalmente, ter um projeto arquitetônico que, na minha opinião, cobra-se que tenha um padrão alto demais de hotelaria. Precisa haver revisão dessas exigências e da própria gestão do Fundo; hoje, o Ministério da Justiça é o único responsável pela liberação dessas verbas, quando poderia haver um conselho com representantes do ministério e outros órgãos para isso. O RDC não exclui a possibilidade de se usar o dinheiro do Fundo, esse dinheiro poderia passar a ser usado via RDC, que é uma forma mais ágil de contratar obra. Mas essas exigências para liberar recurso do Fundo e a gestão dele precisam ser revistas.

E o papel dos estados nesse quadro?

Falta gestão estadual no setor prisional. Há anos. Um nível de gestão minimamente adequado. Não são todos os estados que têm Secretaria de Administração Penitenciária, por exemplo; há geralmente uma superintendência numa pasta.

A não adoção de uma medida como bloqueio do sinal de aparelhos celulares em presídios seria uma amostra da falta de gestão? Esse bloqueio seria uma ação custosa ou complexa?

Não, não seria. É falta de gestão mesmo.

Esse bloqueio não seria feito por temor quanto à reação dos presos?

Posso dizer é que, se o diretor do presídio tivesse o controle sobre ele, não deveria existir esse temor. Mas o bloqueio do celular resolve uma parte, há a comunicação por meio das visitas. O que se precisa ter claro é a ausência de administração mínima de um sistema pelos estados. Aponto outra medida a ser adotada: descentralização das unidades prisionais. O planejamento das unidades precisa ter em conta a necessidade de unidades no interior, para presos ficarem perto das famílias. No Maranhão, 30% a 40% da população carcerária, que está em São Luís, são do interior. E há, claro, necessidade de mais ações de profissionalização dos presos.

No Mutirão Carcerário de 2013, constatou-se piora de algum estado?

O Rio Grande do Norte piorou em relação a 2011, quando fomos lá. Piorou em relação a superlotação, por exemplo. De forma geral, todos os estados visitados este ano pioraram.

A piora na superlotação tem a ver com o aumento dos presos por tráfico, após a nova lei antidrogas?

Sim, o aumento de detentos por tráfico com a nova lei, a partir de 2006, é uma constatação. Isso pelo maior encarceramento do “pequeno traficante” e de usuários. Mas essa lei não exclui penas alternativas, como prestação de serviços ou monitoramento por tornozeleiras eletrônicas, o que deveria ser adotado em muitos casos, muitas dessas pessoas não são perigosas. Então o que está faltando também, por parte dos juízes, é maior uso das punições alternativas no país.

Juiz do CNJ admite que não tinha certeza da veracidade de vídeo com suposto interno de Pedrinhas dilacerado

douglasO juiz Douglas Martins, coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Execução de Medidas Socioeducativas (DMF), do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), confirmou ontem (28), em contato com o titular do blog, que não tinha mesmo certeza de que do vídeo em que um rapaz aparece com a perna dilacerada era um registro de cenas capturadas no Complexo Penitenciário de Pedrinhas.

Segundo ele, o material lhe foi entregue pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários e encaminhado ao ministro Joaquim Barbosa, conselheiro-presidente do CNJ, com a indicação da fonte, mas sem a garantia de que fosse verdadeiro.

“Recebi o vídeo do Sindicato, não fazer referência a ele no relatório seria uma omissão.  Quanto a veracidade ou não, o tempo vai dizer. O [Sebatsião] Uchoa [secretário de Estado de Justiça e Administração] é honesto e está fazendo o seu papel de secretário de Estado. Não garanti no relatório que seja verídico. Eu disse que recebi e indiquei a fonte. Resta à polícia investigar”, disse.

Armação?

Também no sábado, Sebastião Uchôa havia considerado uma “irresponsabilidade” a inclusão do vídeo no relatório que pode embasar até um pedido de intervenção no sistema prisional do Estado.

“Trata-se de uma irresponsabilidade de líderes do Sindicato dos Agentes Penitenciários que induziram ao erro o juiz Douglas Martins, do Conselho Nacional de Justiça, muito embora ele tenha sido advertido disso”, destacou o secretário.

fakeEle garantiu que havia entrado em contato com Martins, na sexta-feira (27), para advertir-lhe sobre o fato. O vídeo acabou se constituindo na parte grotesca do relatório. Nele um rapaz que rola no chão, com a perna dilacerada, é dado como um preso torturado dentro da Penitenciária de Pedrinhas.

“É mentira. O juiz Douglas Martins ligou-me ontem [sexta-feira] à noite e eu disse a ele que aquilo era uma armação. Ainda assim ele levou adiante o seu intento de fazer daquilo parte integrante do relatório”, lembrou.

A TV Folha publicou as imagens em seu site (veja aqui), também como se fosse de um detento. “Preso é dissecado vivo em presídio do MA”, diz a manchete. O homem, no entanto, foi vítima de acidente de trânsito, segundo informou o titular da Sejap.

“Aparece o rosto e fica fácil identificar a pessoa. Quando isso for feito, vai ficar provado que o juiz Douglas Martins carregou o seu relatório com informações falsas”, afirmou Uchoa.

Apesar da possibilidade de haver um equívoco no relatório, Douglas Martins acredita que deveria ter encaminhado as imagens aos presidente do CNJ. “Qualquer denúncia, inclusive oriunda de sindicato, não deve ser desmentida antes de investigar. O momento é esse. Eu sou defensor da máxima transparência. Tudo que me foi entregue está no meu relatório com a fontes citadas. O relatório tem muitas denúncias. É possível que algumas não se confirmem e outras sejam provadas. Isso é natural. É exatamente o Poder Executivo que tem essa obrigação esclarecer o que é ou não verdade e mandar para o MP”, completou.

Facção criminosa emite nota e diz não concordar com estupros

É um tanto surreal, mas a facção criminosa conhecida como Primeiro Comando do Maranhão (PCM) encaminhou uma nota à redação de O Estado do Maranhão, na qual tenta se eximir das denúncias de líderes encarcerados nos presídios maranhenses estariam ordenando o estupro de mulheres dentro das prisões e pela cidade (veja aqui e aqui).

No comunicado, apócrifo, é claro, o PCM diz não compactuar com estupros – conduta normal entre criminosos -, tampouco com o consumo de crack ou cocaína, e atribui os fatos recentemente narrados pela imprensa local e nacional a seu grupo rival, o Bonde dos 40.

“No nosso meio “pcm” nao aceita nem o crack e nem a cocaina e tao pouco nunk vamos aceita esse tipo de situacoes . Agora se na outra parte estar acontecendo esse tipo de situacoes nao podemos ser penalizado por esse ato (SIC!)”, diz um trecho do escrito.

Veja a íntegra abaixo, sem correção do editor.

Nota de esclarecimento .

A familia pcm vem atraz desta nota esclarecer q a materia q esta cento veiculada no sistema de telecomunicao .soube a materia q saio no dia 23 de dezenbro no jornal nacional .q dentro do sistema penidenciario do maranhao estar avendo por parte dos lider das faquicoes , estupos ,estorcoes etc. Queremos deixa bem claro q dentro do sistema e dividido em duas parqtes .” Pcm e bonde dos 40″ . Q no nosso meio “pcm” nao aceita nem o crack e nem a cocaina e tao pouco nunk vamos aceita esse tipo de situacoes . Agora se na outra parte estar acontecendo esse tipo de situacoes nao podemos ser penalizado por esse ator. E queremos deixa bem claro de onde estar vindo as desnuncia e do presidio sao luis 2 onde nao temos em um integrante da familia pcm . E ja pedimos para os orgao responsavel ( tj ,cnj,oab, e governo do estado) para tomar as devidas providencias. E nao so dividir as unidade nao por murro e sim por unidade para q possamos ter um pouco de tranquilidade dentro do sistema. E voltamos a pedir assistencia juridica para os nossos detentos. E uma solucao para o problema das super lotacoes q e um maiores notivos das mortes nos presidios. Obs: Queremos deixa bem claro q antigamente eramos todos juntos , e por esse notivos, de estocoes e estupros e sequestro etc ,q foi fundado a familia. PCM. Por irmao q nao opolhavamos e nunk vai apolhar esse tipo de situacoes . A familia pcm nao tem nem um tipo de descriminacao contra preso da capital e do interior e nem de outro estado . Queremos agradecer o trabalho do juiz da vara de execusao penal dr roberto de poula. Q apesar de pouco tempo q estar no cargo .estamos vendo o empenho sobre a super lotacao nas penitenciarias maranhense. E querenos deixar bem claro para os familiares dos internos. Q fazem porte da nossa comunidade q nao aceitamos e jamais iremos aceita. Esse tipo de atos .

Primeiro Comando do Maranhão

CNJ usou vídeo falso em relato enviado a Joaquim Barbosa, diz secretário

fakeO secretário de Justiça e Administração Penitenciária, Sebastião Uchoa, afirmou hoje (28) que o vídeo em que um rapaz aparece com a perna dilacerada, postado página da Folha de S. Paulo como se fosse de um interno de Pedirnhas, não tem qualquer relação com o sistema penitenciário maranhense.

O vídeo circula há duas semanas em redes sociais e membros do Sindicato dos Agentes Penitenciários – entidade historicamente ligada à oposição no Maranhão – o entregaram ao juiz Douglas Martins, representante do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), como se o registro fosse em presídio local. O caso acabou sendo incluído no relatório encaminhado ao presidente do CNJ, ministro Joaquim Barbosa.

__________________Leia mais

Baixe aqui a íntegra do relatório do CNJ sobre os presídios maranhenses

Uchôa considerou uma “irresponsabilidade” manobra dos seus opositores. “Trata-se de uma irresponsabilidade de líderes do Sindicato dos Agentes Penitenciários que induziram ao erro o juiz Douglas Martins, do Conselho Nacional de Justiça, muito embora ele tenha sido advertido disso”, assegurou Uchoa.

O vídeo acabou se constituindo na parte grotesca do relatório. Nele um rapaz que rola no chão, com a perna dilacerada, é dado como um preso torturado dentro da Penitenciária de Pedrinhas.

“É mentira. O juiz Douglas Martins ligou-me ontem à noite e eu disse a ele que aquilo era uma armação. Ainda assim ele levou adiante o seu intento de fazer daquilo parte integrante do relatório dele”, lembrou o secretário.

A TV Folha publicou as imagens em seu site (veja aqui), também como se fosse de um detento. “Preso é dissecado vivo em presídio do MA”, diz a manchete. O homem, no entanto, foi vítima de acidente de trânsito, segundo informou o titular da Sejap.

“Aparece o rosto e fica fácil identificar a pessoa. Quando isso for feito, vai ficar provado que o juiz Douglas Martins carregou o seu relatório com informações falsas”, afirmou Uchoa que salienta, ainda, outras “impropriedades” no relatório que ganhou as páginas dos jornais deste sábado.

“Quando o juiz diz que foi impedido por líderes de facções de entrar em determinadas áreas da penitenciária, ele também faltou com a verdade. Na realidade, ele foi aconselhado pelos diretores da penitenciária a não fazer aquilo naquele momento, que também era o de visita de familiares. Os detentos não gostam de intromissão quando estão recebendo os parentes. Foi só um conselho que ele acatou. Não teve nada de proibição imposta por detentos”, assegurou.

Sobre o assassinato de um preso no Anexo II de Pedrinhas, descrito no relatório de Douglas Martins como o de um detento que não concordou que sua mulher fosse abusada sexualmente, Sebastião Uchoa afirma que o assassinato aconteceu muito distante do ambiente em que acontecem os encontros íntimos.

“Os fatos não se relacionam, isso ainda está sendo investigado e tudo o que vem sendo dito é fruto do clima que se estabeleceu ou que se quer estabelecer artificialmente por razões que devem ser esclarecidas”, completou.

Roseana cria Direção de Segurança dos Presídios

pedrinhasA governadora Roseana Sarney (PMDB) anunciou hoje (27), por meio da Secretaria de Estado de Comunicação Social (Secom), a criação da Direção de Segurança dos Presídios do Maranhão.

“Cada Diretoria está sob o comando de um oficial da Policia Militar e passa a compor o organograma funcional de todos os presídios do estado, reforçando o trabalho das Diretorias Geral e Administrativa”, diz nota encaminhada à imprensa há pouco.

A criação do novo corpo de segurança penitenciária, bem como de uma Comissão de Investigação para acompanhar a atuação dos trabalhos nos presídios vieram após os recentes episódios de violência no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís.

Na semana passada, o procurador-geral da República e presidente do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), Rodrigo Janot, encaminhou ofício à governadora pedindo informações atualizadas sobre a situação do sistema carcerário do Estado.

A resposta deveria ser enviada em três dias – o que pode subsidiar um pedido de intervenção federal -, mas hoje o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que encaminhou equipe para fiscalizar os presídios, confirmou a prorrogação do prazo por mais duas semanas.

Segundo o Estado, o agravamento da situação seria uma resposta do crime a medidas “saneadores” do sistema penitenciários.

“O Governo do Maranhão reitera que sempre agiu em conjunto com todos os setores que atuam na defesa dos direitos humanos, tal como a Defensoria Pública, e daqueles que promovem a garantia da justiça e segurança. O agravamento da situação no Sistema Penitenciário ocorreu depois que foram tomadas medidas saneadoras, como a reestruturação das unidades prisionais, a mudança de comando nas Polícias Civil e Militar e na Sejap”, completa o comunicado governamental.